Voce já ouviu falar em fratura por estresse? | …

Rodinei Crescêncio/Rdnews

Colunista Fellipe Valle

Trata se de uma fratura que ocorre devido à fadiga ou insuficiência do osso após ser submetido a um excesso de cargas ou traumas repetitivos. Acomete mais os atletas corredores, militares e dançarinos. Todos os ossos do corpo humano estão sujeitos à fratura por estresse. Ela está intimamente relacionada com a prática diária do atleta. Mas são mais comumente diagnosticadas na perna (tíbia), seguida pelo pé (metatarsos). 

Em atletas a diferença na incidência de fraturas por estresse entre homens e mulheres é mínima. Acredita-se que a intensidade e o tipo de treinamento controlado para cada atleta e o preparo físico já existente diminuam o impacto do programa de treinos. 

Os principais fatores de risco para que ocorra a lesão estão relacionados ao gesto esportivo, aos hábitos nutricionais, aos equipamentos usados e ao tipo de solo. Muitas vezes o aumento abrupto na intensidade e no volume do treinamento pode ser suficiente para o desenvolvimento da lesão. Equipamentos como calçados de baixa absorção de impacto, desgastados (mais de seis meses de uso) ou aqueles que não se adaptam adequadamente ao pé do atleta podem também causar lesões.

Os principais fatores de risco para que ocorra a lesão estão relacionados ao gesto esportivo, aos hábitos nutricionais, aos equipamentos usados e ao tipo de solo

A qualidade da pista de treinamento também pode ser um fator de risco quando desniveladas, irregulares e muito rígidas. Por fim, o despreparo do atleta na realização do gesto esportivo e da técnica funcional pode levar a lesão sem que às vezes o número de repetições seja tão elevado.  

Outros fatores de risco seriam idade avançada, má nutrição, baixa densidade óssea, baixo nível de condicionamento físico e muscular, pé cavo rígido, discrepância dos membros inferiores, joelho valgo, tabagismo, atividade física com frequência inferior a três vezes por semana e o consumo de mais de 10 doses de bebida alcoólica por semana. 

A pessoa com fratura por estresse apresenta-se com aumento da sensibilidade no local da lesão, dor e inchaço após aumento abrupto e/ou repetitivo da atividade física. Inicialmente a dor é reduzida e aliviada com o repouso e permite a atividade física sem prejuízo. Entretanto, com a manutenção do gesto agressor há progressão da lesão, que resulta em aumento da dor e limitação de sua prática. 

O diagnóstico é confirmado em consulta com especialista que poderá solicitar uma  radiografia simples, que geralmente só acusa alterações mais tardiamente ou a ressonância nuclear magnética, que é o exame de imagem mais sensível e específico para o diagnóstico da fratura por estresse.  

Para o adequado tratamento das fraturas por estresse é essencial que os fatores de risco que levaram à doença sejam identificados. O tratamento da fratura por estresse baseia-se na prevenção de novos episódios e na recuperação da área lesada.

A prevenção de novos episódios é feita com a modificação das atividades e correção do gesto esportivo, troca de equipamentos esportivos e do local de treinamento que possam estar favorecendo a sobrecarga óssea, mudança dos hábitos nutricionais e o reconhecimento de alterações hormonais, anatômicas, de força muscular e baixo condicionamento cardiomuscular.

Analgésicos são usados para alívio da dor, alem da fisioterapia. O tratamento mais moderno e resolutivo tem sido a terapia por ondas de choque.

Critérios para retorno ao esporte 

Os possíveis critérios usados para permitir que o atleta retorne à sua pratica são: ausência total de dor no local acometido, principalmente durante a realização do gesto esportivo, ausência de sintomas durante a realização de testes provocativos de dor no local da lesão e ausência de anormalidades nos exames de imagem.

Fellipe Valle é médico ortopedista e traumatologista, com especialização em cirurgia de ombro e cotovelo, cirurgia do joelho, especializando em medicina da dor e ortopedia regenerativa, além de idealizador do programa Descomplicando a Ortopedia. Ele é membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia – MT, da American Academy of Orthopaedic Surgeons e da AO Trauma Latin America. É sócio fundador da associação brasileira de ultrassonografia músculo esquelética, professor de medicina na Univag e da residência de ortopedia Unic-Hgu. Escreve com exclusividade para esta coluna às terças. E-mail: fellipevalle@hotmail.com. Instagram: @dr.fellipe.



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