Vendas online: Empresário deve sair da zona de conforto e se atualizar | …

Rodinei Crescêncio/Rdnews

Jos� Wenceslau de Souza J�nior - presidente da Fecom�rcio-MT

O presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado, José Wenceslau de Souza Júnior, em visita e entrevista especial ao , se mostra otimista com a retomada da economia pós-pandemia e vive expectativa para que o Banco Central reduza a taxa de juros. Sobre o crescimento das vendas online, ele alerta que os empresários devem “sair da zona de conforto” e investir em ações para atender melhor os clientes e se adequar às novas tecnologias.

Confira, abaixo, os principais trechos da entrevista

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Vemos uma retomada das vendas e um indicativo de estabilidade do endividamento da população e aumento do consumo. Diante desse cenário, qual a expectativa do empresariado, já que em março a categoria mostrava que ainda não confiava no rumo da economia?

A expectativa de todos nós empresários, comerciantes e da própria população é que o banco central baixe a taxa de juros, porque quem regula é régua reguladora é o Banco Central. Hoje a taxa de juros anual está muito alta. Hoje, quando você vai fazer uma compra com parcelamento no cartão de crédito ou mesmo utilizando as instituições financeiras, isso pesa muito na parcela mensal. Então, os consumidores mais cuidadosos, que fazem compra, não por impulso e põe na ponta do lápis quanto estão pagando, às vezes esse consumidor retrai a sua compra, posterga ela aguardando que o Banco Central baixe essas taxas de juros e para nós como empresário também, quando vai investir na empresa, vai investir na ampliação da sua empresa, aquisição de equipamentos, nós estamos pagando uma taxa de juros muito alta. Estamos confiando neste governo e que as taxas de juros devam baixar nos próximos meses.

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Jos� Wenceslau de Souza J�nior - presidente da Fecom�rcio-MT

Os índices de endividamento e inadimplência preocupam ou o poder de compra em Mato Grosso está indo bem?

A economia já está plena, até melhor que antes da pandemia


José Wenceslau Júnior

A gente tem que estar sempre olhando. O empresário tem que estar olhando as pesquisas. Quando você fala que o endividamento da população subiu para 80%, isso é bom, é um sinal que a população tem crédito. O que nós temos que estar olhando sempre é o índice de inadimplência. Inadimplência pode ser desemprego, preço da mercadoria muito alto, o poder de compra desse consumidor, que diminuiu muito. Então o que que ele prioriza é alimentação para a família, conta de energia elétrica e a água, se não a família fica sem esses benefícios e deixa as compras por último. A economia do estado de Mato Grosso é baseada e a grande movimentação é no agronegócio então isso movimenta no interior e vem até a Capital. Circula muito dinheiro no estado de Mato Grosso. Isso é um benefício da população e do comércio.

Viemos de dois anos turbulentos da pandemia da Covid-19 e o comércio foi um dos setores mais impactados. Já podemos dizer que há uma recuperação do tempo perdido? Qual a projeção para o fechamento deste ano?

A pandemia foi um grande aprendizado para todos nós. Nós esperávamos 90 dias de pandemia, seis meses, um ano e durou praticamente dois anos. Muitas empresas fecharam, não se sustentaram pagando alugueis e folha de pagamento, mas com essa retomada, desde o ano passado, ela (economia) vem muito forte, principalmente hotéis, bares, restaurantes e similares que tiveram que fechar suas portas, ela retomou muito forte. Algumas empresas que fecharam já reabriram. Hoje eu digo para você que a economia já está plena, até melhor que antes da pandemia. Porque todo mundo que ficou recluso em casa, que ficou preso nesses dois anos, ele veio com sede ao mercado para comprar, para sair no final de semana com a família, para comer fora, então a economia está em plena recuperação.

Há uma projeção positiva para o fechamento deste ano?

A projeção é sempre otimista. O empresário levanta todo dia cedo sonhando que vai vender bem, acreditando que tudo vai correr bem, mas a economia não depende só de nós. Estamos aguardando os movimentos desse novo governo que assumiu, principalmente o empresário que estava com projetos de investimento, que uma boa parte segurou. Estamos esperando que venha nesse novo governo, o que vem nas metas fiscais e metas de reformas tributária, mas se tudo correr como nós sempre acreditamos, a partir do segundo semestre, com sinais positivos desse novo governo, o empresário volta a investir, volta a contratar colaboradores.

Rodinei Crescêncio/Rdnews

Jos� Wenceslau de Souza J�nior - presidente da Fecom�rcio-MT

O empresariado tinha muito temor do governo Lula. Esse temor diminuiu ou permanece?

Diz que conselho e chá não fazem mal para ninguém. Então é o cuidado que ainda estamos tendo. O governo chegou, no caso nosso de Mato Grosso, que é um Estado com a sua economia baseada no agronegócio, tem algumas divergências do agronegócio com esse governo, então ainda é o momento de cuidado e observação.

 

Embora Mato Grosso seja um estado agrícola, o setor de comércio e serviços é o que mais contrata. Um dos problemas é a mão de obra qualificada. Como o Fecomércio e o Senac está atuando para melhorar esse cenário?

A mola propulsora do estado de Mato Grosso, que ajuda na balança comercial brasileira, realmente é o agronegócio. É importante a gente falar para o cidadão mato-grossense que a safra mato-grossense colhida no ano de 2023 é maior que a safra da Argentina. Só o estado de Mato Grosso produziu mais soja do que toda a Argentina. Então se Mato Grosso fosse um país, nós seriamos o terceiro país do mundo em produção de soja. Isso movimenta toda a nossa economia. O comércio é o maior empregador do Estado e o maior pagador de impostos. Hoje nós pagamos em torno de 65% do imposto arrecadado pelo estado e empregamos em torno de 62% de mão de obra. Mas com essa expansão agrícola do estado de Mato Grosso, com esse crescimento, hoje falta mão de obra qualificada.

Nós somos um estado de tamanho continental com a população muito pequena, em torno de três milhões e meio de habitantes (aguardando dados do IBGE). Com isso falta mão de obra qualificada. O Senac, em parceria com o governo do Estado, tem qualificado mão de obra para a Capital e principalmente para o interior. Mas o que falta no estado de Mato Grosso? Pessoas. Tenho conversado muito com o governador Mauro Mendes que nós precisamos fazer um incentivo para trazer famílias para o estado de Mato Grosso, como no final da década de 70, 80. Eu vim de Goiás na década de 80, o governador também veio na década de 80. Precisamos fazer um chamamento para colocar mais habitantes no estado de Mato Grosso. E o que é esse chamamento? Nós temos o que mais importa para a população hoje que é emprego na iniciativa privada, a terceira maior média salarial do Brasil da iniciativa privada e no Poder Público, e falando dos professores nós temos a segunda média.

Isso é um chamariz. Não é ir em outros estados, principalmente no Nordeste, na época da safra, trazer pessoas, homens. Ele vem fica aqui quatro meses, ganha seu dinheirinho e volta para o seu estado de origem. Nós precisamos trazer famílias, porque a família fixa o homem a terra. E quando você traz família, o marido está empregado, a esposa está empregada, os filhos estão empregados. Isso se chama renda familiar. O poder de compra da família aumenta e nós precisamos fixar essas pessoas aqui no Estado.

Vou mais além, quando a nossa população aumentar, nós vamos ganhar poder político porque é proporcional à população a nossa representação no Congresso federal. 

Rodinei Crescêncio/Rdnews

Jos� Wenceslau de Souza J�nior - presidente da Fecom�rcio-MT

Nos EUA hoje a tendência é o desaparecimento das lojas físicas. No Brasil, vemos um crescimento vertiginoso das vendas online pelas grandes plataformas, principalmente das varejistas de eletroeletrônicos e eletrodomésticos. O setor está preparado para essa mudança de cenário?

Nós estamos trabalhando nisso. Tirando o comerciante dessa zona de conforto dele que sai de casa, abre a porta e recebe o cliente. Então a tecnologia chegou, a modernidade chegou e não tem como nadar contra a correnteza, tem que nadar a favor dela. Nós temos que mudar a cabeça do empresário. Modernizar as empresas; prestar um serviço melhor para o consumidor; ter a mercadoria disponível; atendimento online; melhorar o crédito. Nós estamos trabalhando a cabeça desse empresário mato-grossense.

Na sua avaliação, qual o futuro da adequação do comércio, principalmente em regiões como a nossa, Centro-Oeste, onde a logística – principalmente para entrega – é mais complicada?

A tecnologia chegou, a modernidade chegou e não tem como nadar contra a correnteza, tem que nadar a favor dela


José Wenceslau Júnior

O futuro é nós sairmos da nossa zona de conforto. Usarmos as redes sociais, as plataformas de venda e deixar de ser simplesmente aquela loja física que abre a porta e fecha no final do dia. Atendimento online, atendimento diferenciado, forma de crédito ou parcelamento diferenciado e o que nós temos de grande diferença para o consumidor é nas nossas redes sociais, com atendimento presencial que todos nós temos que dar um atendimento diferenciado para esse consumidor e a mercadoria de pronta-entrega. Porque, às vezes a necessidade do consumidor ele não pode esperar uma semana, 15 dias, 30 dias para receber essa mercadoria. O comércio tem essa mercadoria a pronta entrega. E, umo utro trabalho, como nós já falamos, é a reforma tributária. Diminuir a carga tributária que pesa no estado de Mato Grosso e no Brasil. O dinheiro tem que estar no bolso do consumidor. Aumentar a renda familiar, onde ele vai comprar mais, usufruir mais do dinheiro e esse dinheiro circula na economia.



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