Sem abrigo, mais de 150 afegãos com vistos humanitários voltam a lotar saguão do Aeroporto Internacional de SP, em Guarulhos


Segundo a Organização de Resgate dos Refugiados Afegãos, até este domingo (26) eram 170 afegãos à espera de acolhimento. Desse total, 45 são crianças. Afegãos voltam a ocupar saguão do Aeroporto de Guarulhos
Sem abrigo disponível, o número de afegãos à espera de acolhimento aumentou em um dos saguões do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. Dados deste domingo (26) levantados por voluntários de ONGs apontam que são 170 pessoas acampadas. Desse total, 45 são crianças.
A TV Globo esteve no aeroporto neste domingo e constatou que as barracas voltaram a se espalhar pelo terminal. Em agosto, o g1 mostrou que os afegãos que chegaram ao Brasil demoraram um ano para conseguirem comprar as passagens com destino a São Paulo.
“Dentro do aeroporto a gente não essa estrutura básica. Tem alguns vestiários do aeroporto que são dos funcionários. Então, a gente tem uma dificuldade de locomovê-los para fora para tomar banho em outros locais”, afirmou Ana Paula Pinhati Oliveira, vice-presidente da Organização de Resgate dos Refugiados Afegãos.
“É importante destacar também que é uma população que a maioria é mulçumana. Então, antes das refeições, eles deveriam fazer um processo de higiene e isso é impossível dentro das condições que a gente tem no aeroporto”, ressaltou.
Afegãos acampados em Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos
Reprodução/TV Globo
A alimentação está sendo fornecida pela prefeitura de Guarulhos de segunda a sexta feira. Já aos finais de semana são as ONGs que levam as marmitas.
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Uma das possibilidades estudadas pelas autoridades era um abrigo em Franco da Rocha com capacidade para 150 pessoas. Contudo, a prefeitura informou que “o centro chegou a ser avaliado pelo governo do estado como alternativa, mas, por questões técnicas, foi descartado”.
O governo estadual, através a Secretaria Estadual de Desenvolvimento, informou à reportagem que está em tratativas para acolher refugiados em um complexo na Região Metropolitana de São Paulo.
O local poderá atender até 300 pessoas, e as primeiras serão os afegãos que estão acampados no aeroporto. A previsão é de que o espaço fique pronto em 30 dias. Porém, o governo não informou em que cidade ficará.
Concessão de visto temporário e autorização de residência
Afegãos no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos
Reprodução/TV Globo
Em 26 de setembro, o governo federal publicou no Diário Oficial da União uma portaria prorrogando a concessão de visto temporário ou autorização de residência para acolhida humanitária de afegãos que desejam viver no Brasil. A medida prolonga autorização concedida em setembro de 2021.
Segundo a portaria, o visto ou autorização de residência serão concedidos devido à instabilidade institucional e violações de direitos humanos registradas no Afeganistão desde que o Talibã retomou o poder no país, em agosto de 2021.
No caso dos afegãos que desejam vir ao Brasil e ainda não deixaram o país de origem, o governo restringiu para 2 as possibilidades do pedido de um visto temporário em outros países: agora, deve ser solicitado nas Embaixadas do Brasil em Teerã (Irã) e Islamabade (Paquistão).
Em setembro de 2021, o Itamaraty autorizou a concessão dos vistos em 5 embaixadas: Teerã, Moscou (Rússia), Ancara (Turquia), Doha (Catar) e Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos) para processar os pedidos de visto “para acolhida humanitária”.
O documento terá prazo de validade de 180 dias. O governo disse que a emissão dos vistos estará condicionada à capacidade da oferta de abrigo dos afegãos no país.
Afegãos no Brasil
Afegãos no Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos
Fábio Tito/g1
O g1 acompanha desde o ano passado a chegada dessas famílias afegãs ao aeroporto. Eles começaram a entrar no país quando as tropas americanas encerraram os 20 anos de intervenção militar no Afeganistão e o grupo extremista Talibã voltou ao poder.
O governo brasileiro publicou em setembro de 2021 uma portaria estabelecendo a concessão de visto temporário, para fins de acolhida humanitária, a cidadãos afegãos. Um ano após a portaria, a reportagem do g1 conversou com famílias que tinham acabado de entrar no Brasil em busca de liberdade e recomeço (veja vídeo e fotos mais abaixo).
Em 2022, o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) atendeu 1.035 afegãos. A maioria era composta por homens entre 18 e 59 anos (490) e mulheres na mesma faixa etária (248). Dessas 738 pessoas, 50,4% possuem formação universitária e 6,5% são pós-graduadas.

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