O presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT), Sérgio Ricardo, afirmou nesta quinta-feira (11) que a rixa política entre o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), e o governador Mauro Mendes (União Brasil), foi o principal entrave para a continuidade e conclusão das obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). O modal havia sido projetado para a Copa do Mundo de 2014, que teve a Capital como uma das subsedes.
Mauro conseguiu autorização de trocar o modal para Ônibus de Trânsito Rápido (BRT), porém, não conseguiu iniciar as obras em Cuiabá pela falta de apresentação de projetos para execução, conforme acusa o Município. Segundo Sérgio, a batalha entre os dois gestores tem prejudicado somente a população, que vive sem um transporte adequado e de qualidade.
“Eu entendo que se não tivesse a briga entre o prefeito e o governador, aí sim poderia ter sido realidade o VLT. Hoje nós poderíamos ter o VLT, eu classifico assim. A briga e os desententimentos do gestor do Estado e da Município contribuíram para que não tivéssemos e não tenhamos o VLT. Então, cada um que coloque a mão na consciência”, disparou durante passagem pela Assembleia Legislativa.
Rodinei Crescêncio
O governador Mauro Mendes e o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro: rixa política já dura anos
O presidente do TCE relembrou que na época em que deram início às discussões de um provável modal na Assembleia Legislativa, ele havia sido o responsável por indicar o VLT e, hoje, segue vendo como o melhor modelo para a cidade. No entanto, salientou compreender que há uma distância do desejo pessoal e daquilo que se pode colocar em prática.
“Eu fui o primeiro, não o segundo, mas o primeiro a falar de VLT aqui no Estado de Mato Grosso, então sei o que penso e o que defendo, que é o VLT. É maravilhoso, transporte de qualidade, é rápido, tem ar-condicionado, é o melhor. Mas é possível? Não adianta. Uma coisa é vontade, a necessidade e possibilidade. Qual é possibilidade que a gente tem?”, questionou.
Durante conversa com a imprensa, Sérgio foi perguntado sobre o andamento das obras do BRT em Várzea Grande e a articulação do Governo do Estado na tentativa de vender os trilhos do VLT. Ele endossou dizendo que as obras na Cidade Industrial representam um ponto de partida para algo mais palpável e vê a venda dos trilhos como uma solução para reduzir os danos ao erário.
“Entendo que faz parte da virada. Daqui a alguns dias o cidadão vai ter uma linha de transporte. [Retirar os trilhos] é do jogo, faz parte. Mas o importante é o que a população vai ter […] O Governo agora vai tentar vender os trilhos para devolver o recurso, para que ele seja redistribuído por conta dos prejuízos. Todo mundo agora tem que correr atrás do prejuízo”, destacou.