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Nos últimos dias, a febre maculosa brasileira tem se tornado preocupação e casos são sendo monitorados em todo o país, inclusive, em Mato Grosso. Alerta surgiu após uma sequência de mortes (de quatro pessoas) no interior de São Paulo. Com três casos em investigação em Mato Grosso, a infectologista Márcia Hueb reforça que os cuidados devem ser redobrados em locais de matas e gramados, onde possa ter infestação de carrapatos.
Os três casos suspeitos de febre maculosa brasileira (FMB), investigados pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-MT), estão em Arenápolis (1) e Barra do Garças (2) – veja quadro de boletim epidemiológico.
A febre maculosa é uma doença infecciosa transmitida por carrapatos quando infectado por uma bactéria do gênero Rickettsia. Tem como hospedeiros animais silvestres, principalmente capivara e cavalo, e animais domésticos, como o cachorro.
“É uma doença aguda de gravidade variável, mas potencialmente muito grave. Em alguns casos, a pessoa pode evoluir para o óbito ou ter sequelas por complicações da condição de gravidade. Por exemplo, gangrena de extremidades e sangramentos, dentre muitas outras complicações possíveis”, explica a médica.
Vitor Ostetti/MidiaNews
O carrapato-estrela precisa ficar na pele do paciente por mais de quatro horas se alimentando para que tenha a oportunidade de inocular a bactéria no corpo. Por isso, a infectologista explica que uma das medidas de prevenção é fazer um exame detalhado da pele para investigar a presença de carrapatos após frequentar áreas de mata. “E é importante lembrar de retirá-los com cuidado, para que não sejam esmagados nesse momento, o que exporia a pele a um possível contaminante presente nos carrapatos”, esclarece a infectologista.
Ainda conforme a especialista, o carrapato-estrela não é o único vetor da febre maculosa, mas é o principal, considerando os casos conhecidos até o momento. “Os ciclos de transmissão das antropozoonoses, doenças de animais que acometem os humanos, podem se modificar, tanto com inclusão de outros vetores – espécies de carrapatos como de outros reservatórios – além de capivaras e cães, por exemplo”, aponta.
Os carrapatos mais jovens e de menor tamanho são vetores mais perigosos, porque são mais difíceis de serem vistos. Não existe transmissão da doença de uma pessoa para outra.
Prevenção
Não há vacinas para prevenir a doença, por isso a importância das medidas profiláticas, como se proteger com roupas e calçados adequados para que a pele não tenha contato com a mata e a observação da pele para a presença de carrapatos com a finalidade de removê-los.
“E tem o controle de ambiente, quando mais relacionado a áreas urbanas e mesmo da área externa, no entorno de sítios ou fazendas. Também não há remédio que evite, mas há indicação de uso do antibiótico adequado mediante qualquer suspeita, antes da confirmação de caso”, esclarece Márcia.
Sintomas
Os primeiros sintomas aparecem de dois a 14 dias depois da picada. Na maioria dos casos, aparece sete dias depois.
A doença começa com sintomas semelhantes aos de outras infecções, como a dengue. Os sintomas mais comuns são febre alta, dor no corpo, dor de cabeça e desânimo.
Quando a bactéria cai na circulação causa a inflamação da camada interna dos vasos, que se manifesta como manchas vermelhas que podem acometer o corpo todo, a chamada de erupção cutânea. Podem aparecer sangramentos na pele, mas esse sintoma não se manifesta em todos os pacientes. Pacientes com rápida progressão da doença podem ir a óbito no sexto dia de evolução.
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Febre maculosa em MT
Conforme boletim epidemiológico, divulgado pela SES nesta semana, foram notificados em Mato Grosso, entre 2020 até 2022, 14 casos em humanos, sendo 4 confirmados.
Já em 2023 (janeiro a 14 de junho) foram notificados 5 casos de FMB – em Alta Floresta, Arenápolis, Barra do Garças e Querência.
Destes, dois casos foram descartados por critério laboratorial (Alta Floresta e Querência) e 3 casos estão em investigação – sendo Arenápolis (1) e Barra do Garças (2).