- Dados de emprego nos EUA em foco hoje, a maioria dos sinais aponta para um relatório sólido
- BCE sobe juros e adota tom hawkish, mas euro negocia em baixa
- Cable atinge alta em um ano, ouro perto de novo recorde, Apple (NASDAQ:) supera lucros
O NFP parece sólido, o USD pode capitalizar?
Uma semana tempestuosa para os mercados globais chegará ao auge hoje com a última rodada de dados de emprego nos EUA. Outro relatório sólido é antecipado, com folhas de pagamento não agrícolas esperadas em 180 mil em abril, menos do que os 236 mil em março, mas ainda um número saudável no geral. A taxa de desemprego está aumentando, embora a partir de níveis historicamente baixos, enquanto o crescimento dos salários deve se manter estável.
Segundo a maioria das indicações, o mercado de trabalho dos EUA continua excepcionalmente apertado. Pesquisas de negócios da S&P Global apontaram para uma aceleração no crescimento do emprego e o relatório de emprego da ADP acrescentou validade a essa noção. No entanto, os pedidos de auxílio-desemprego aumentaram em relação ao mês passado, o que sugere que as demissões estão aumentando, contrariando parte do otimismo de outros indicadores.
Com os mercados agora precificando chances quase iguais para o Fed cortar as taxas em julho, as apostas são altas. Embora esse preço sombrio seja provavelmente um reflexo da turbulência renovada no sistema bancário, ainda implica que os investidores antecipam uma deterioração no pulso de dados econômicos que dá ao Fed cobertura para reduzir as taxas, mais cedo ou mais tarde.
Quanto ao dólar, sua função de reação nos últimos meses tem sido assimétrica, incapaz de se beneficiar muito dos fortes lançamentos dos EUA, mas perdendo terreno com quaisquer dados negativos. Será interessante ver se esta dinâmica ainda está em jogo e se o relatório de empregos pode ajudar o euro/dólar a sair de sua faixa de negociação recente entre 1,0940 e 1,1095.
Euro escorrega com decisão do BCE
Foi uma sessão difícil para o euro na quinta-feira. A moeda única ficou sob pressão depois que o BCE lançou um aumento de taxa de 25 pontos-base, decepcionando aqueles que apostavam em um movimento maior. Os comerciantes viram isso como um indício de que o BCE está próximo do fim de seu ciclo de aperto e passaram a recalibrar a taxa terminal para baixo.
Um tom relativamente agressivo do presidente Lagarde e um anúncio surpresa de que os reinvestimentos do programa APP serão interrompidos em julho não ajudaram muito a mudar a maré do euro, embora a moeda tenha conseguido recuperar algum terreno na sexta-feira.
No grande esquema das coisas, o euro é uma das moedas com melhor desempenho este ano, já que a maioria das forças negativas que o assombravam no ano passado desapareceram. A Europa passou o inverno sem sofrer uma recessão, os preços da energia caíram acentuadamente, a reabertura da China ajudou a aumentar a demanda por exportações europeias e os diferenciais de taxas se comprimiram em benefício do euro quando o BCE acelerou nos aumentos das taxas.
Ainda assim, uma quebra acima da região de 1,1095 em euro/dólar é necessária para sinalizar uma continuação da tendência.
Cabo, ouro e ganhos da Apple
Sob o radar, é a libra britânica que teve o melhor desempenho até agora este ano, com o franco suíço em segundo lugar. É difícil atribuir esse desempenho superior aos desenvolvimentos domésticos no Reino Unido, já que o BoE tem relutado em aumentar as taxas, apesar da inflação de dois dígitos. Em vez disso, a libra esterlina parece ter se beneficiado principalmente da recuperação dos mercados de ações e da desvalorização do dólar.
O ouro chegou perto de novos recordes esta semana, impulsionado pela procura de portos-seguros, uma vez que os receios em torno do sistema bancário regional dos EUA aumentaram novamente, reduzindo os rendimentos do Tesouro. Enquanto isso, os bancos centrais liderados pela China continuaram a aumentar suas reservas de ouro no primeiro trimestre, provavelmente como uma estratégia de diversificação contra as tensões geopolíticas.
Por fim, a Apple reportou ganhos que excederam as previsões dos analistas durante a noite, impulsionando o preço de suas ações em 2% nas negociações após o expediente. Perdido na empolgação estava o fato de que a receita caiu em relação ao ano passado, enquanto os ganhos estavam estáveis, tornando difícil justificar a valorização do prêmio da ação em 28 vezes os ganhos futuros.
