![rose domingues arte interna](https://www.rdnews.com.br//storage/webdisco/2022/08/01/1024x656/0f6198673a8b65d345a26b4e3faf3d9c.jpg)
O primeiro dia de um novo ano pode ser igual aos demais quando não nos propomos a envelhecer bem. Infelizmente é mais comum do que parece: na natureza há aqueles frutos que apodrecem, caem, sem antes amadurecer.
Será que posso dizer o mesmo sobre mim? Estou dedicando tempo para o meu crescimento pessoal? Investindo em autoconhecimento? Elegendo prioridades saudáveis? Gosto deste poema de Cecília Meireles que é um convite à experiência mais profunda da vida:
“Renasce em ti mesmo.
Multiplica os teus olhos, para verem mais.
Multiplica-se os teus braços para semeares tudo.
Destrói os olhos que tiverem visto.
Cria outros, para as visões novas.
Destrói os braços que tiverem semeado,
Para se esquecerem de colher.
Sê sempre o mesmo.
Sempre outro.
Mas sempre alto.
Sempre longe.
E dentro de tudo.”
“Chegar nesse momento do ano, o “reinício”, o dia “número um”, me traz emotividade e um pouco de medo. Será que 2024 será melhor ou pior?”
Chegar nesse momento do ano, o “reinício”, o dia “número um”, me traz emotividade e um pouco de medo. Será que 2024 será melhor ou pior? Afinal, o que significa ser “melhor” ou “pior”, com que lentes estou interpretando os acontecimentos?
Não é coach autoajuda, o convite é sobre a importância de não julgar e sim acolher tudo que nos acontece, que pode ser resultado das nossas próprias escolhas (conscientes ou não) ou são coisas que tornam a vida um mistério, bonita e triste ao mesmo tempo.
Dezembro é um mês reflexivo, já que há 37 anos, no dia 26, morreu uma das figuras mais importantes da minha existência: o meu pai. Perder alguém que amamos nos oferece inúmeras oportunidades. Hoje eu vejo (com os olhos do poema), despedaçar-me sempre me conduziu ao renascimento. Embora eu resistisse.
Então, há aqueles que permanecem a vida toda pela metade…olhando e lambendo as próprias feridas. Chorando a falta. E aqueles outros (como eu) que vão se esvaziando da dor… e se fazendo inteiros. Acredito que é apenas nessa travessia universal que o humano se faz humano, ao descobrir a própria força.
Neste ano, resolvi não planejar muita coisa, mas me dedicar apenas aquilo que realmente importa seguindo a máxima “menos é mais”. Estou convicta a continuar seguindo o chamado da minha alma. Desejo a você que tenha mais consciência sobre o que precisa viver e morrer em 2024, sobre o que realmente te faz feliz!
Rose Domingues é jornalista, escritora e mestranda em Comunicação.