Feliz ano velho ou feliz ano novo? | …

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O primeiro dia de um novo ano pode ser igual aos demais quando não nos propomos a envelhecer bem. Infelizmente é mais comum do que parece: na natureza há aqueles frutos que apodrecem, caem, sem antes amadurecer.

Será que posso dizer o mesmo sobre mim? Estou dedicando tempo para o meu crescimento pessoal? Investindo em autoconhecimento? Elegendo prioridades saudáveis? Gosto deste poema de Cecília Meireles que é um convite à experiência mais profunda da vida:

“Renasce em ti mesmo.

Multiplica os teus olhos, para verem mais.

Multiplica-se os teus braços para semeares tudo.

Destrói os olhos que tiverem visto.

Cria outros, para as visões novas.

Destrói os braços que tiverem semeado,

Para se esquecerem de colher.

Sê sempre o mesmo.

Sempre outro.

Mas sempre alto.

Sempre longe.

E dentro de tudo.”

Chegar nesse momento do ano, o “reinício”, o dia “número um”, me traz emotividade e um pouco de medo. Será que 2024 será melhor ou pior?

Chegar nesse momento do ano, o “reinício”, o dia “número um”, me traz emotividade e um pouco de medo. Será que 2024 será melhor ou pior? Afinal, o que significa ser “melhor” ou “pior”, com que lentes estou interpretando os acontecimentos?

Não é coach autoajuda, o convite é sobre a importância de não julgar e sim acolher tudo que nos acontece, que pode ser resultado das nossas próprias escolhas (conscientes ou não) ou são coisas que tornam a vida um mistério, bonita e triste ao mesmo tempo.

Dezembro é um mês reflexivo, já que há 37 anos, no dia 26, morreu uma das figuras mais importantes da minha existência: o meu pai. Perder alguém que amamos nos oferece inúmeras oportunidades. Hoje eu vejo (com os olhos do poema), despedaçar-me sempre me conduziu ao renascimento. Embora eu resistisse.

Então, há aqueles que permanecem a vida toda pela metade…olhando e lambendo as próprias feridas. Chorando a falta. E aqueles outros (como eu) que vão se esvaziando da dor… e se fazendo inteiros. Acredito que é apenas nessa travessia universal que o humano se faz humano, ao descobrir a própria força.

Neste ano, resolvi não planejar muita coisa, mas me dedicar apenas aquilo que realmente importa seguindo a máxima “menos é mais”. Estou convicta a continuar seguindo o chamado da minha alma. Desejo a você que tenha mais consciência sobre o que precisa viver e morrer em 2024, sobre o que realmente te faz feliz!

Rose Domingues é jornalista, escritora e mestranda em Comunicação.



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