Esquema usou paciente morta para encobrir desvio de medicação

Investigação da Polícia Civil aponta que o farmacêutico Jackson Alves Lopes Souza, um dos alvos da Operação Fenestra, lançou o medicamento injetável Albumina 0,2G/ML 20% no prontuário de uma paciente morta para encobrir o desvio de remédios da Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do Ipase, em Várzea Grande.

No entanto, durante a análise verificou-se que a senhora M.I.C. foi a óbito na UPA-IPASE, no dia 11 de abril 2022, conforme consta de seu Prontuário Médico

A medicação pode ser encontrada no mercado ao custo de até R$ 1.500,00 a ampola. 

 

Consta na investigação que a paciente M.I.C. ficou internada na unidade e o farmacêutico Jackson Souza lançou, no dia 14 de abril de 2022, três unidades de Albumina Humana 0,2G/ML 20% em seu prontuário. 

 

“No entanto, durante a análise verificou-se que a senhora M.I.C. foi a óbito na UPA-IPASE, no dia 11 de abril 2022, conforme consta de seu Prontuário Médico, enviado pela Secretaria de Saúde de Várzea Grande, por solicitação da autoridade policial, bem como no Assento De Óbito, obtido por esta especializada, através de aplicativo conveniado”, diz a Polícia Civil.

 

O farmacêutico acusado de participar do esquema também lançou, segundo a Polícia Civil, medicamentos em prontuários de pacientes que já teriam recebido alta da unidade – ou que sequer havia sido prescrito pelos médicos. 

 

A informação consta em relatório da Polícia Civil encaminhado ao juiz Abel Balbino Guimarães, da 4ª Vara Criminal de Várzea Grande, que autorizou a da operação, na última segunda-feira (22).

 

Além de Jackson, também foram alvos, com prisões decretadas e já revogadas, o empresário Fernando Metelo Gomes de Almeida, dono da Disnorma Comercio Atacadista de Medicamentos Ltda;  o ex-superintendente de Saúde da cidade, Oswaldo Prado Rocha, opontado como líder do esquema, e o também farmacêutico Ednaldo Jesus da Silva.

 

Veja:

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A investigação também identificou que Jackson Souza lançou, no mesmo dia, três unidades de Albumina Humana 0,2G/ML 20% no prontuário da paciente R.T.C.S., que foi internada na unidade.

 

“No entanto, analisando o Prontuário de Atendimento da senhora R., se vê que não existia nesta data, bem como no dia anterior, prescrição médica do referido medicamento para ser administrado na paciente. Cabe destacar que todo medicamento a ser ministrado em pacientes, deve constar no prontuário médico o que não ocorreu”, diz trecho do documento.

 

“É importante informar, que analisando minuciosamente o Prontuário De Atendimento da senhora R., constata-se um pedido de exames do dia 13/04/2022, onde consta dentre vários, o de exame de Albumina Sérica, que provavelmente foi o que motivou o farmacêutico Jackson Alves Lopes Souza, a lançar as 03 (três) unidades de Albumina Humana 0,2G/ML 20%, antes da prescrição médica, com objetivo de ocultar as irregularidades investigadas por esta especializada”, diz outro trecho.

 

Conforme a investigação, o mesmo medicamento com a mesma quantidade foi registrado pelo farmacêutico nos prontuários dos pacientes J.G.T. e V.R.M. após eles já terem recebido alta da unidade de saúde.

 

“Foi identificado pelos analistas de investigação no bojo do relatório de inteligência n. 20236.5.85947 que o agente público Jackson utilizou-se de seu ‘login’ e ‘senha’ para realizar dispensa de medicamentos de maneira irregular, alterando o sistema de dados da UPA/IPASE dos pacientes: Maria Imaculada Cavalcante, Regina Tereza Cícero de Sá, José Guimarães Tavares e Valdemir Rodrigues Moreno”, diz trecho do documento.

 

A operação

 

Jackson, Fernando,  Oswaldo e Ednaldo chegaram a ser presos na operação, mas foram soltos no mesmo dia durante audiência de custódia. 

 

Segundo a Polícia Civil, os medicamentos eram furtados da unidade de saúde e entregues ao dono da Distribuidora Disnorma. 

 

Em posse dos medicamentos, Fernando Metelo utilizava-se de “laranjas” para pagar vantagem indevida a agentes públicos, por intermédio de transferências bancárias e compra de veículo, visando a ocultação ilícita dos bens e valores, aponta investigações.

 

 



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