Nematoides causam perdas de uma safra a cada dez safras de soja no Brasil. O prejuízo, segundo estudos, corresponde a cerca de R$ 374 bilhões para a classe produtora da oleaginosa no período de uma década. Mato Grosso é um dos estados com a maior incidência de nematoides.
Nematoides são vermes microscópios e geralmente abundantes no solo. Vistos também na cotonicultura, eles chegam a causar na cultura prejuízos, pontuam especialistas, de 1,6 safras a cada dez safras.
Pesquisadora e consultora da Agromax, Tatiane Zambiasi, comenta que no estado há fazendas com 99% de presença de nematoides. A espécie mais encontrada é a Pratylenchus spp., mais conhecida como nematoides-das-lesões-radiculares.
Durante palestra para o público no Open Sky Soja 2023, em Campo Verde, promovido pela Proteplan, empresa de pesquisa agrícola, Zambiasi destacou que relatório feito pela Sociedade Brasileira de Nematologia em parceria com a Syngenta e a Agroconsult aponta perdas de R$ 65 bilhões na soja por conta dos nematoides no país.
“O Brasil perdeu R$ 65 bilhões na cultura da soja por causa dos nematoides. Se a incidência continuar aumentando, a perda em dez anos pode chegar em R$ 873 bilhões [soma de soja e algodão]. Mais do que nunca é preciso monitorar, fazer testes, investir no manejo e controle dos nematoides”.
Monitoramento é essencial no controle
A especialista pontua, que por ser um verme difícil de identificação a olho nu, é importante que o produtor e sua equipe façam o monitoramento de toda a área de produção, bem como realize testes das raças dos nematoides.
“Isso pode ajudar o produtor a escolher a cultivar correta resistente àquela raça que já pareceu na lavoura, como também a fazer o manejo integrado de forma assertiva, ou seja, de acordo com as necessidades da área a ser cultivada e de acordo com cada espécie de nematoide”.
A oferta de produtos para o controle dos nematoides é outro ponto de dificuldade dos produtores, de acordo com a pesquisadora e consultora, uma vez que hoje no mercado não há ainda produtos específicos para todas as espécies, o que faz do monitoramento e mapeamento da área essenciais.
“Sem mapeamento correto na mão, é um chute. Isso é um grande risco considerando todo o custo de produção. A saída é lançar mão das ferramentas disponíveis para fazer monitoramento eficiente”, alerta.
Ainda durante sua palestra, a especialista relatou que novamente nesta última safra os nematoides de cisto e das lesões foram os com maior frequência nas lavouras mato-grossenses.
“Fatores climáticos contribuíram para a alta incidência desses vermes que agem como parasitas, se concentrando em grande parte do ciclo de vida dentro das raízes”.
Outra causa para o aparecimento dos nematoides pode ser o trânsito de máquinas e equipamentos. Nesse caso, a incidência são dos fitonematóides, que retiram nutrientes da planta e dificultam a absorção de água, causando danos e prejuízos para as lavouras.
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