Velocistas de MT exaltam preparação e sonham com classificação olímpica em casa | …

Arquivo Pessoal/Wagner Carmo/CBAt

Lissandra e J�nio - capa

Velocistas mato-grossenses esperam atingir o índice olímpico em casa na edição de 2024 no Campeonato Ibero-americano, que acontecerá em Cuiabá nos dias 10 a 12 de maio. Colecionadores de convocações pela Seleção Brasileira, os atletas Jânio Varjão, dos 800 metros rasos, e Lissandra Campos, do salto em distância, contam que o índice será apenas uma consequência de bons resultados e muito treino.

O Ibero-americano é um torneio bianual e acontece pela primeira vez no Centro-Oeste. Além de Cuiabá, as cidades de Manaus (AM), São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ) também sediaram o evento. Em 2016, o evento no Rio – assim como na capital mato-grossense – também foi pré-olímpico. Conforme divulgado pela Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), 516 atletas de 23 países competirão no Centro Olímpico de Treinamento da Universidade Federal de Mato Grosso (COT-UFMT).

Por anteceder as Olímpiadas de Paris 2024, o Ibero-americano é uma oportunidade para aquisição de índices de classificação para os jogos em julho. O Comitê Olímpico Internacional (COI) estabeleceu o prazo para 30 de junho para conquista das pontuações e, assim, a classificação para as Olímpiadas.

No caso dos atletas convocados, Jânio precisa atingir o tempo de um minuto e 44 segundos em sua prova, enquanto Lissandra deve saltar a uma distância de seis metros e 86 centímetros. Além do índice, os pontos também somam na classificação para Paris.

Gustavo Ales/CBAt

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Aos 20 anos, o atleta dos 800 metros rasos Jânio Varjão já foi convocado seis vezes para a Seleção, mas estar no time adulto ainda é notícia nova. O jovem deu sua largada no esporte quando ainda estava na escola, aos 15 anos, por incentivo de um professor. Após participar de algumas corridas, Jânio conheceu seu atual treinador, Sivirino dos Santos, e deu passos mais firmes para a profissionalização.

Se eu focar na minha preparação, essa pressão que tem lá na competição vai ser mais fácil de lidar, porque eu sei que pode vir o índice, sei que pode vir a medalha.


Jânio Varjão

“Quando eu tinha 17 para 18 anos, eu terminei a escola. Aí eu perguntei para o professor Sivirino o que ele achava de eu me profissionalizar um pouco e depois eu fizesse faculdade. Nós concordamos e eu já tinha dados para a construção que a gente traçou. Então, naquela época eu já sabia que estaria, em três ou quatro anos, no nível que estou hoje”, comenta Jânio.

Atualmente, o atleta é bolsista do Governo de Mato Grosso e treina na cidade de Barra do Garças (a 515 km de Cuiabá).

O currículo do velocista é extenso. Jânio já participou de competições na Colômbia, Argentina e El Salvador, onde ganhou o terceiro lugar no Pan-americano de Cross Country representando o Brasil. Para o Ibero-americano, Varjão encontra-se confiante com seu desempenho ao longo dos treinamentos e, consequentemente, vê o índice olímpico muito possível.

“Eu penso muito na minha preparação. Se eu focar na minha preparação, essa pressão que tem lá na competição vai ser mais fácil de lidar, porque eu sei que pode vir o índice, sei que pode vir a medalha. Eu estou fazendo aquilo que eu posso controlar. Quando eu chegar na prova, não posso controlar como vai ser, mas se eu controlar o que eu tenho aqui no meu treinamento, me mantendo o mais preparado possível, o índice é possível”, comenta.

Arquivo Pessoal

Lissandra Campos

“Só você e a pista”

Lissandra Campos, de 22 anos, disputa na Seleção Brasileira pela sétima vez. A atleta do salto em distância é a atual campeã Sul-americana em salto à distância e atingiu a marca de 6 metros e 49 centímetros na competição em Cochabamba, na Bolívia, em fevereiro.

Natural de Nossa Senhora do Livramento (a 38 km de Cuiabá), a jovem conta que a paixão pelo atletismo veio através de um projeto social de sua cidade, quando ela tinha cinco anos de idade. Em 2014, Lissandra fez um teste em Cuiabá e continua treinando na Capital como atleta militar.

Lissandra já é considerada de alto rendimento e já colecionou alguns pontos em uma temporada de competições na Europa em março. Ao olhar para trás como aposta para o time Brasil para Paris 2024, a atleta comenta da satisfação em ter persistido no esporte.

“Eu fui pro mundial adulto e eu nunca imaginei ir para o mundial adulto. Eu estava lá e agora quero estar num próximo mundial adulto, no qual eu vou estar brigando por uma medalha, assim como as Olimpíadas. Eu fico pensando se eu tivesse parado, se eu tivesse desistido, eu nem estaria aqui, nem saberia o que é isso. Hoje, não só pra mim, mas a minha família, meus treinadores, todos têm o mesmo sonho que eu e acho que ‘desistir’ não existe mais no meu vocabulário”, afirma.

Arquivo Pessoal

Lissandra Campos e Cida

Lissandra Campos e a treinadora Maria Aparecida Lima, a Cida

Ao mesmo tempo em que se orgulha dos bons resultados e participações em campeonatos internacionais, a participação nos Jogos Olímpicos é um sonho prestes a se tornar realidade. Curiosamente, Lissandra é treinada por Maria Aparecida Lima, a Cida, a primeira mato-grossense a ir para as Olímpiadas. Cida esteve na delegação brasileira nos jogos de Atlanta, em 1996, e a pupila pode ser a próxima.

“Acho que minha maior minha maior felicidade vai ser não só estar nas Olimpíadas, mas estar entre as finalistas na busca da medalha. Eu acho que é o que todo mundo que treina quer”, comenta Lissandra.

“Essa fase de se preocupar com os competidores de outros países já passou. É você, Deus, a pista e já era”, completa.

Além de Lissandra e Jânio, Mato Grosso contará com mais dois atletas. Wendell Jerônimo, de Pontes e Lacerda (a 443 km de Cuiabá), vai disputar os cinco mil metros e os 10 km da corrida de rua, enquanto o atleta olímpico Almir Junior, de Matupá (a 684 km de Cuiabá), ficará no salto triplo.



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