Urologista diz que nota do MS contra exames de câncer de próstata é desserviço | …

Rodinei Crescêncio/Rdnews

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Uma nota técnica do Ministério do Saúde e do Instituto Nacional de Câncer (Inca), que recomenda que não sejam feitos os exames para rastreamento câncer de proposta em homens assintomáticos, têm causado polêmica entre as entidades da área de saúde. O médico urologista Fernando Leão Costa, membro da Sociedade Brasileira de Urologia, avalia que a orientação é um desserviço e prejudica toda a campanha que se vem fazendo a favor da saúde masculina e contra o câncer de próstata.

Um desserviço de tudo que foi feito ao longo dos anos


Fernando Leão Costa

“Um desserviço de tudo que foi feito ao longo dos anos. Viemos fazendo campanha e essa campanha vem se refletindo no homem procurar mais atendimento médico. Outros países já tentaram fazer isso, diminuir esse rastreio, e vários deles já voltaram atrás e voltam a recomendar o rastreio, tendo em vista que aquele homem que não faz os exames pode ser diagnosticado em uma fase avançada, que já não proporciona cura”, defende.

A nota técnica, publicada no final de outubro, recomenda que os gestores estaduais e municipais não realizem campanhas para convocar homens assintomáticos para a realização de rastreamento com PSA (exame de sangue) ou toque retal e que os médicos informem os homens que pedirem espontaneamente a realização de rotina de PSA ou toque retal sobre os possíveis benefícios e os riscos do rastreamento. Leia a nota técnica aqui. 

A detecção da doença pode ser feita pelo diagnóstico precoce, que é a identificação do câncer em estágios iniciais em pessoas com sinais e sintomas; e o rastreamento, que é a realização de exames em pessoas assintomáticas, com o intuito de identificar o câncer em estágio inicial.

IPE Saúde / Divulgação

novembro azul

Esse rastreamento em pessoas assintomáticas é o que passa a ser contra-indicado pelo Ministério da Saúde e pelo Inca. Isso porque, segundo a Nota Técnica, revisões sistemáticas identificaram que o rastreamento aumenta de forma significativa o diagnóstico da doença, sem redução significativa da mortalidade específica e com importantes danos à saúde do homem.

Discuta com seu médico o momento exato de fazer o rastreio e quais são os beneficios e riscos


Fernando Leão Costa

“Muitos, com a doença menos agressiva, tendem a morrer com o câncer ao invés de morrer do câncer. Mas nem sempre é possível dizer, no momento do diagnóstico, quais tumores terão comportamentos agressivos e quais terão crescimento lento. O sobretratamento é o tratamento de cânceres que não evoluiriam a um ponto ameaçador e pode gerar importante impacto na qualidade de vida dos homens, como as disfunções sexual e urinária”, diz trecho da nota.

No entanto, o médico especialista enfatiza que é justamente o exame de rotina que vai levar a identificação do câncer em seu estágio inicial, quando há até 90% de chance de cura.

“O câncer de próstata é uma doença silenciosa. Em seus estágios iniciais, ele não dá sinal nem sintomas. É comum o paciente chegar no hospital ou no consultório já em estágio avançado das doenças. Lembrando que, quando descoberto em fase tardia, a taxa de cura cai abaixo dos 20%”, explica.

Atualmente, no Brasil, 44% dos homens ainda não foram a um urologista. A preocupação dos médicos é que, com a recomendação do MS, esse índice não diminua. Segundo Fernando, é importante que se discuta os possíveis riscos com cada médico, mas que o exame não deixe de ser feito.

“Durante o rastreio, quando precisamos fazer a biópsia, pode ter algumas implicações sim, como infecção da próstata. No entanto, o importante é discutir cada caso individualmente com seu médico. Às vezes, tem aquele paciente que a gente pode postergar um pouco esse rastreio e outros que tem que adiantar, mas é extremamente importante. Discuta com seu médico o momento exato de fazer o rastreio e quais são os beneficios e riscos”, recomenda.



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