A ação mais recente corre na Justiça do estado da Geórgia. Depois de ser derrotado nesse estado por Joe Biden, ele ligou para uma autoridade e perguntou se não seria possível ‘encontrar’ cerca de 12 mil votos. Trump tenta mudar o resultado da eleição presidencial no estado da Geórgia
Donald Trump poderá ser acusado criminalmente mais uma vez na Justiça dos Estados Unidos –se confirmada, essa será a quarta acusação que ele enfrentará (veja abaixo as outras acusações).
O caso em questão corre no sistema de Justiça do estado da Geórgia. Essa ação foi levada à Justiça pela procuradora Fani Willis. Ela já deu sinais de que vai pedir a acusação criminal formal em um grande júri.
Na eleições presidenciais dos EUA, em novembro de 2020, Joe Biden venceu no estado da Geórgia por uma margem de menos de 12 mil votos.
Trump tentou pressionar autoridades do estado para roubar as eleições por meio do colégio eleitoral.
Donald Trump em 30 de junho de 2023
Matt Rourke/AP
Como a investigação começou?
No dia 2 de janeiro de 2021, quando Biden preparava-se para assumir a presidência, Donald Trump telefonou para o secretário de Estado da Geórgia, Brad Raffensperger, que, assim como o ex-presidente, é do Partido Republicano.
Trump afirmou que o maior chefe eleitoral do estado poderia ajudar a “encontrar” os votos necessários para colocá-lo à frente do democrata Joe Biden na Geórgia.
Em uma gravação, ouve-se Trump dizer o seguinte: “Eu só quero fazer isso: eu só quero encontrar 11.780 votos, que é um a mais do que temos, porque nós ganhamos o estado”.
Depois da divulgação da gravação, Trump afirma que não fez nada de errado e repetidamente afirmou que a ligação foi “perfeita”.
Trump também ligou para outros funcionários estaduais importantes para tentar reverter sua derrota nas eleições de 2020. Ele falou com as seguintes autoridades:
O governador, Brian Kemp,
O então presidente da Câmara dos Deputados, David Ralston,
O procurador-geral, Chris Carr,
O principal investigador do escritório do Secretário de Estado.
Fani Willis, procuradora do estado da Geórgia
Brynn Anderson/AP
Aliado de Trump já tinha pressionado
Logo após a votação para presidente, um aliado de Trump, o senador Lindsey Graham, tentou pressionar Raffensperger.
O senador perguntou se o secretário de Estado poderia rejeitar as cédulas de eleitores que votaram remotamente, pelo correio.
Raffensperger disse que interpretou essa pergunta como uma sugestão de rejeitar votos que eram plenamente legais.
Graham negou qualquer irregularidade, afirmando que só queria saber sobre o processo de verificação de assinaturas.
Falso colégio eleitoral
Pelas regras das eleições americanas, as eleições não são diretas. Cada estado tem um número de representantes em um colégio eleitoral, e o candidato a presidente que tiver o maior número desses representantes é o vencedor.
Cada estado tem sua própria regra para determinar como será a alocação dos representantes no colégio eleitoral. Na Geórgia, o candidato a presidente que tiver a maioria dos votos terá todos os representantes do colégio eleitoral, mesmo se a vitória nas urnas por uma margem mínima.
Em dezembro de 2020, os 16 votos do colégio eleitoral da Geórgia foram lançados para Joe Biden, o vencedor no estado.
No mesmo dia, 16 republicanos da Geórgia (um deputado, ativistas e membros do partido) se reuniram para assinar um certificado mentiroso que dizia que Trump havia vencido. Os 16 signatários desse documento se autodeclaravam representantes do colégio eleitoral da Geórgia.
Fani Willis, a procuradora que investiga o caso, disse em petições judiciais que acreditam que aliados dede Trump estavam por trás dessa jogada para inventar um colégio eleitoral falso.
Pelo menos oito dos falsos representantes no colégio eleitoral fecharam acordos de imunidade com a equipe de Willis. Um nono, o vice-governador Burt Jones, só não foi processado por causa de um conflito de interesses.
Falsas alegações de fraude eleitoral
Deputados estaduais da Geórgia e aliados de Trump fizeram audiências em que discutiram supostos problemas com as eleições de novembro de 2020.
Em uma tentativa de melar a votação, eles afirmaram que os representantes da Justiça eleitoral não permitiram que observadores testemunhassem a contagem de votos remotos e que, em segredo, tiraram de malas cédulas ilegais e começaram a digitalizá-las.
Autoridades estaduais e federais investigaram e disseram que não havia evidências de fraude eleitoral no local.
Alguns aliados de Trump também disseram que milhares de pessoas que não poderiam votar (pessoas condenadas por crimes graves, menores de 18 anos, pessoas que haviam votado em outro estado) haviam votado na Geórgia. O secretário de Estado disse que essas alegações eram mentiras.
Pressão em trabalhadores eleitorais
Os aliados de Trump apresentaram um vídeo descontextualizado para dizer que os funcionários eleitorais contaram votos ilegais.
Duas funcionárias eleitorais que aparecem no vídeo, Ruby Freeman e sua filha Wandrea “Shaye” Moss, disseram que enfrentaram assédio online e pessoalmente como resultado das mentiras de Trump e seus aliados.
Na semana passada, Rudolph Giuliani, um advogado de Trump que repetiu essa mentira, admitiu que as declarações que ele fez sobre as duas funcionárias eleitorais eram falsas.
Outros casos que correm na Justiça dos EUA
Trump é réu em outros casos na Justiça dos EUA. Até agora, são três ações:
Trump é acusado na Justiça do estado de Nova York de esconder pagamentos de dinheiro para silenciar uma atriz pornô durante a campanha presidencial de 2016.
Ele é acusado na Justiça federal por ter levado para casa documentos sigilosos.
Ele é acusado por tentar interromper a certificação dos resultados das eleições de 2020 antes do ataque ao Capitólio dos EUA em 6 de janeiro de 2021.
O ex-presidente dos EUA afirma que é inocente em todos os casos.
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