'Temos um problema coletivo de inação, e outro de falta de ambição', diz Lula sobre metas climáticas na COP 28

Presidente discursou a outros chefes de Estado na conferência em Dubai e voltou a cobrar que países ricos financiem projetos do Sul Global contra as mudanças climáticas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a cobrar que países ricos e industrializados estabeleçam metas mais ambiciosas no enfrentamento às mudanças climáticas e financiem projetos relacionados ao tema nos países pobres e em desenvolvimento.
Lula discursou em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, na primeira sessão plenária da Conferência do Clima (COP 28). E reafirmou as metas brasileiras inscritas no Acordo de Paris – que devem ser monitoradas e revisadas nos próximos dois anos, até a COP 30, que será sediada no Brasil.
No discurso, Lula disse que a meta prevista no Acordo de Paris, para limitar o aumento da temperatura global a 1,5ºC, é “insuficiente”, e cobrou ações mais ousadas para combater as mudanças climáticas.
“A meta do acordo de Paris em mantê-lo entre 1,5 ºC e 2 ºC já é insuficiente para conter o aquecimento global em nível seguro. Temos um problema coletivo de inação, outro de falta de ambição. As NDCs atuais não estão sendo implementadas no ritmo esperado. E mesmo que estivessem, não conseguiriam manter a temperatura abaixo do limite de 1,5 ºC.”
A “NDC” citada por Lula é a sigla em inglês para a Contribuição Nacionalmente Determinada – a meta anunciada por cada país para mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.
O Brasil apresentou sua NDC de forma voluntária em 2016 e fez atualizações no documento desde então. No formato mais recente, a meta diz que o Brasil deve reduzir suas emissões de carbono e gases causadores de efeito estufa em 48% até 2025 e 53% até 2030 – na comparação com o patamar de 2005.
“Nossa NDC é mais ambiciosa que a de vários países que poluem a atmosfera desde a Revolução Industrial no século 19. Mantemos o firme compromisso de zerar o desmatamento na Amazônia até 2030. Já conseguimos reduzi-lo em quase 50% nos 10 primeiros meses deste ano”, declarou.
Ainda segundo Lula, muitos países do chamado “Sul Global” (antigo Terceiro Mundo) não terão condições de implementar suas metas ou assumir novos compromissos.
O presidente disse que o “princípio das reponsabilidades comuns, porém diferenciadas, é inegociável”. “Os [países] mais vulneráveis não podem ter que escolher entre combater a mudança do clima ou combater a pobreza. Terão de fazer ambos”, prosseguiu.
“É inaceitável que a promessa de 100 bilhões de dólares por ano assumida pelos países desenvolvidos não saia do papel enquanto, só em 2021, os gastos militares chegaram a 2 trilhões e 200 bilhões de dólares.”
Mais cedo, na abertura do evento, Lula já tinha dito em outro discurso que os “trilhões” usados nas guerras pelo mundo deveriam ser investidos, em vez disso, em ações de combate às mudanças climáticas.
A conferência do clima — que deve durar duas semanas — é um evento que reúne governos do mundo inteiro, diplomatas, cientistas, membros da sociedade civil e diversas entidades privadas visando debater e buscar soluções para a crise climática causada pelo homem.
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