Nesta quinta, em entrevista, Lula afirmou que o ‘conceito de democracia é relativo’ ao comentar situação na Venezuela. Para a ministra, regime no país vizinho não é ‘democrático’. A ministra Simone Tebet, durante entrevista à GloboNews nesta sexta-feira (30)
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A ministra do Planejamento, Simone Tebet, minimizou nesta sexta-feira (30) a declaração dada pelo presidente Lula sobre conceito “relativo” de democracia.
Lula fez a afirmação em entrevista à Rádio Gaúcha nesta quinta-feira (29), quando falava sobre o governo da Venezuela. O petista, que tem buscado reaproximação do Brasil com o governo de Nicolás Maduro, afirmou: “A Venezuela tem mais eleições do que o Brasil. O conceito de democracia é relativo para você e para mim”.
Em entrevista à GloboNews, a ministra disse desconhecer qual o contexto da fala do presidente, mas afirmou que ela e o petista compartilham o mesmo conceito de democracia. Para Tebet, no entanto, o regime de Maduro não é “democrático” (leia mais aqui).
“Democracia é o direito de ir e vir, de ir às urnas, poder votar, direito do povo brasileiro poder se expressar, e, obviamente, poucas são as limitações em uma democracia. A mais importante é que ninguém pode atentar contra a democracia e sair impune”, declarou a ministra.
“Conhecendo não só a historia do presidente Lula, mas o aquilo que ele determina hoje para os ministros, posso garantir que eu e o presidente Lula temos o mesmo conceito de democracia”, acrescentou Tebet.
Na sequência, Tebet afirmou que a declaração de Lula foi uma “questão do presidente se expressar” e afirmou acreditar que o petista “vai explicar, dentro do contexto, o que ele quis dizer”.
Segundo o colunista do g1 Valdo Cruz, a fala de Lula sobre democracia foi criticada, inclusive, dentro do Palácio do Planalto. Reservadamente, assessores do petista classificaram a declaração de “amarga”, “uma tristeza” e “totalmente equivocada”.
Visões distintas sobre Venezuela
Na entrevista à GloboNews, Simone Tebet apresentou uma visão diferente da de Lula sobre Venezuela. Para a ministra, não há um governo democrático no país vizinho.
“Eu tenho uma visão particular sobre o governo da Venezuela, que é um governo que não respeita os direitos fundamentais, a liberdade de expressão, o direito do cidadão poder ir e vir, e poder fazer suas criticas ao governo”, afirmou Tebet.
“E, para mim, quando você tem um governo que impeça esse tipo de direito, que é previsto e absoluto para uma democracia, você não tem um governo democrático”, completou.
Votações no Congresso
Simone Tebet também demonstrou otimismo em relação à votação de projetos de interesse da equipe econômica do governo na Câmara dos Deputados nas próximas semanas.
Ela citou a proposta que estabelece uma regra pró-governo no caso de empate em julgamentos do Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf). A medida, segundo a equipe econômica, pode elevar a arrecadação em cerca de R$ 50 bilhões.
O Carf é um órgão colegiado que julga as pendências tributárias de contribuintes junto ao Fisco.
Tebet também comentou o projeto do novo marco fiscal, que deve ser votado na Câmara na próxima semana. Ela voltou a defender a manutenção de uma mudança feita no Senado, que evitará o corte de cerca de R$ 30 bilhões no projeto do Orçamento de 2024.
Ela afirmou ainda acreditar que há um cenário favorável para o corte de juros nos próximos meses.
Reforma tributária
A ministra voltou a defender a aprovação de uma reforma tributária. Ela deu a declaração ao ser questionada sobre a possibilidade de demissões na indústria automotiva, mesmo com o programa do governo que gerou descontos em carros zero quilômetro.
“A base do problema está no sistema tributário caótico. Se nós não aprovarmos a reforma tributária, que simplifique impostos, tribute no consumo, para diminuir carga tributaria da indústria como um todo, vamos continuar perdendo industrias, fechando postos, mandando trabalhador embora”, disse.
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