Só 10%? A verdade sobre capacidade do cérebro humano, segundo a Ciência

Provavelmente, você já ouviu falar que os seres humanos utilizam apenas 10% da capacidade do cérebro e que, se usássemos mais do que isso, teríamos uma inteligência quase inacreditável. No filme Lucy (2014), dirigido por Luc Besson, o personagem interpretado por Morgan Freeman afirma exatamente isso; quando a protagonista consegue atingir 100%, ela se torna quase uma heroína de quadrinhos.

Mas será que isso é real? A resposta mais curta é: não. Trata-se de um mito transmitido de geração em geração, provavelmente, por mais de 100 anos. Originalmente, a história surgiu no livro ‘Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas’, do escritor norte-americano Dale Carnegie, em uma introdução escrita pelo ator, escritor e radialista Thomas Lowell.

Nela, ele menciona que um professor de Harvard costumava dizer que as pessoas comuns desenvolvem apenas 10% da sua capacidade mental. Esse professor era o filósofo William James, que já havia mencionado na obra The Energies of Men, de 1908, que os humanos usam apenas uma pequena parte dos recursos mentais. Foi assim que tudo começou.

Em uma publicação da BBC, o neurocientista cognitivo Sergio Della Sala aponta que pode ser complicado encontrar a fonte original de onde surgiu o mito de que usamos apenas 10% do cérebro. Algumas pessoas também sugerem que a história foi mencionada por Albert Einstein, mas Sala não conseguiu encontrar nenhuma citação do físico sobre o assunto.

“É um dos pedaços favoritos de pseudociência de Hollywood: os seres humanos usam apenas 10% do cérebro, e despertar os 90% restantes — supostamente adormecidos — permite que seres humanos comuns exibam habilidades mentais extraordinárias. Em Phenomenon (1996), John Travolta ganha a habilidade de prever terremotos e aprende línguas estrangeiras instantaneamente. Scarlett Johansson se torna uma mestre de artes marciais superpoderosa em Lucy (2014)”, é descrito na enciclopédia Britannica.

Usamos mais que 10% da capacidade cerebral?

A primeira questão que muitos cientistas levantam sobre essa ideia é: a que exatamente o autor do mito se refere com os 10% do uso do cérebro? Seria 10% da atividade elétrica, 10% do metabolismo, ou ele está falando de outra área cerebral? 

A ideia de que usamos apenas 10% do cérebro é muito simplista, especialmente se considerarmos que o órgão funciona com cerca de 100 bilhões de neurônios.A ideia de que usamos apenas 10% do cérebro é muito simplista, especialmente se considerarmos que o órgão funciona com cerca de 100 bilhões de neurônios.Fonte:  Getty Images 

Primeiro, apesar de funcionar de maneira integrada, o cérebro não funciona como um ‘entidade’ única. Existem diversas regiões que desempenham diferentes funções no corpo humano, como a função motora, a memória, a visão, entre outras. Portanto, não é possível quantificar o funcionamento do cérebro em uma única porcentagem.

“Nas minhas aulas, sempre que alguém menciona esse mito, eu digo: ‘Se você está usando apenas 10% do seu cérebro, está provavelmente conectado a um ventilador’… O que eu acho que seria uma maneira melhor de pensar sobre isso é: você ao menos sabe qual é sua capacidade? O que você poderia fazer para atingir mais do seu potencial máximo?”, disse a professora assistente de neurociência evolucionária na Universidade de Harvard, Erin Hecht, em mensagem ao site Live Science.

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