O reitor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e candidato à reeleição, Evandro Soares, diz reconhecer que os técnicos-administrativos e docentes sofrem com a defasagem salarial, mas entende que há excessos por parte das categorias quando decidem por deflagração de greve total. Os técnicos reivindicam reestruturação da carreira e estão parados desde a semana passada. Já os professores esperam aval do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes – SN) e podem decretar paralisação geral nesta sexta-feira (22).
Em conversa com o , Evandro destacou que os servidores ficaram quase uma década sem reajuste salarial, sendo necessário compreender as manifestações dos trabalhadores e pedido de melhorias junto ao Governo Federal. Entretanto, defende a necessidade de um diálogo mais aprofundado, para evitar medidas drásticas.
“Os técnicos e os professores, mas principalmente os técnicos, ficaram quase 8 anos sem aumento. No ano passado tivemos 9% de aumento. Entendo que greve é um direito constitucional, todo trabalhador pode fazer greve, mas tem regras para fazer greve. No caso dos técnicos está sendo respeitado todo o rito da greve”, pontuou.
Rodinei Crescêncio/Rdnews
“Os professores fizeram indicativo de greve, isso nacionalmente, contudo, entendo que greve deve ser a última ferramenta nessa luta por melhores condições de trabalho e principalmente na questão salarial. Tivemos o aumento de 9% no ano passado. Entendo que a gente precisa negociar mais com o Governo Federal, avançar mais, porque a gente tem uma defasagem salarial”, completou.
Os professores pedem reajuste salarial de 28% para compensar as perdas dos últimos anos. Evandro frisa, no entanto, que não há como se comprometer a pagar tal índice de reajuste aos docentes porque cabe somente ao Governo Federal deliberar sobre o tema, ressaltando ainda que qualquer promessa realizada por candidatos não passa de “papagaiada”.
Falta de efetivo
O reitor reconheceu, ainda, que a instituição sofre com um problema premente – queixado pelas duas categorias -, que é a não reposição dos servidores que se aposentam, prejudicando o bom funcionamento da universidade, que tem papel fundamental no desenvolvimento de pesquisas.
“Entendo que greve deve ser a última ferramenta nessa luta por melhores condições de trabalho e principalmente na questão salarial”
Evandro Soares
“A UFMT aumentou número de estudantes em torno de mais de 50% e a quantidade de técnicos reduziu de quase 1.700 para 1.300, mesmo com o aumento de alunos. A quantidade de professores aumentou? Aumentou, mas porque criou o Campus de Sinop, Campus de Várzea e aumentou o número de cursos no Araguaia, com isso ganhamos mais professores, mas mesmo aumentando em Cuiabá, com o número de estudantes, a gente ganhou só 1% ou 2% na quantidade de professores. Precisamos de mais”, comentou.
A solução, segundo ele, é articular com o Ministério da Educação e Ministério da Economia a reposição do quadro de técnicos e liberação de recursos, mas vê certa dificuldade, devido ao estrangulamento que o orçamento vem sofrendo há anos, travando aprimoramentos estruturais e acadêmicos.
“Para mais vagas, o MEC e o Ministério da Economia precisa liberar vagas e orçamento de contratação […] Estamos lutando com Governo para recuperar essas vagas, possibilidade de recontratação, para que a gente tenha pelo menos os 1.700 técnicos que a gente tinha. Isso tem causado danos”, acrescentou.