Rodinei Crescêncio/Rdnews
Na última semana, foi divulgado um ranking dos melhores políticos do Brasil. Como consultora de comunicação e estrategista política, decidi fazer uma análise minuciosa desse levantamento. Desde já, adianto: sou uma grande crítica desses rankings e vou explicar por quê.
Essas listas podem parecer úteis à primeira vista, mas é fundamental questionar: elas realmente mostram a verdade? Elas ajudam você, eleitor, a compreender o trabalho de quem você escolheu para te representar? A resposta, na maioria das vezes, é não.
Os critérios dos rankings
Os rankings utilizam critérios definidos pelas próprias instituições que os produzem. E aqui está o problema: essas metodologias nem sempre refletem a realidade ou as prioridades das pessoas. Por exemplo, avaliam quantos projetos de lei um político apresentou, mas ignoram se esses projetos têm impacto real na vida da população. Ou consideram o posicionamento em votações, mas desprezam o contexto local e as demandas específicas dos eleitores daquela região.
O que realmente importa para o eleitor?
Agora pense comigo: o que importa mais para você? Que seu deputado apresente dezenas de projetos apenas para pontuar em um ranking ou que ele se concentre em resolver os problemas reais da sua comunidade? Cada eleitor tem suas próprias prioridades, e é assim que deveria ser.
Esses rankings criam uma falsa impressão de quem é ‘bom’ ou ‘ruim’, induzindo a população a acreditar em critérios que podem não fazer sentido para suas realidades. Isso é injusto e perigoso, pois desvia o foco do que realmente importa: o compromisso com as pessoas.
Exemplos de injustiças nos rankings
Vou dar um exemplo: imagine um deputado que trabalha incansavelmente para garantir recursos para a saúde de uma pequena cidade, mas que não aparece tanto nas redes sociais ou não apresenta um alto número de projetos. Ele provavelmente ficará mal colocado em rankings. Mas isso significa que ele é um mau político? É claro que não! O problema está nos critérios utilizados, que não valorizam esse tipo de trabalho.
Durante minha análise desse último ranking, encontrei situações curiosas:
Economia de recursos públicos: Políticos bem posicionados por economizar, mas que passaram meses de licença, transferindo custos ao suplente. Passaporte diplomático: Parlamentares que perderam pontos por utilizar um direito legal, como emitir passaporte diplomático para familiares, pois o ranking considera como um privilégio que o parlamentar deveria negar.
O papel do eleitor na avaliação política
Por isso, reforço: não deixe que rankings definam sua opinião. Avalie o seu representante pelos critérios que realmente importam para você e sua realidade. Pergunte-se: ele está presente na sua comunidade? Ele escuta suas demandas? Ele luta pelos interesses da sua região?
Dicas para uma avaliação mais justa:
Observe o impacto real das ações do político na sua vida e na sua comunidade.
Analise a presença e a escuta ativa do representante nas demandas locais.
Priorize o compromisso com as pessoas acima de números e estatísticas.
Conclusão: O que realmente define um bom político
No fim das contas, quem deve avaliar o trabalho de um representante é você, eleitor, não uma lista repleta de critérios que podem não refletir sua realidade. Rankings podem ser uma ferramenta complementar, mas nunca devem substituir a análise criteriosa e personalizada.
Então, da próxima vez que você se deparar com um ranking, lembre-se: o mais importante é o que seu político faz para transformar a sua vida e a sua comunidade. Isso, sim, é o que define um bom político.
Mariana Bonjour é advogada e consultora política. Escreve com exclusividade para esta coluna às sextas-feiras