Prefeito que deu cara de Capital a Cuiabá condena desavenças políticas | …

Conhecido como o gestor que mais executou obras em Cuiabá, Manoel Antônio Rodrigues Palma (UB), chefe do Executivo municipal entre os anos de 1975 e 1979, é uma das figuras políticas mais emblemáticas da Capital e responsável por importantes obras como as avenidas Beira Rio e Tenente Coronel Duarte (a Prainha). Além da duplicação da Avenida Fernando Côrrea da Costa e a construção do primeiro pronto-socorro da Capital.

Neste 305 anos de Cuiabá, em entrevista ao , Titito, como também é conhecido, analisou o cenário político atual, a relação entre os chefes do Executivo municipal e estadual. Para o político, as desavenças entre o Governo do Estado e a Prefeitura é um dos pontos que mais prejudicou os avanços na cidade. O político afirma que não se trata das pessoas Emanuel Pinheiro e Mauro Mendes, mas sim dos dois Poderes.

“Para a prefeitura de uma capital, sem dúvida alguma, o prefeito e o governador têm que se entender. Não pode ser diferente. O desencontro entre Governo do Estado e Prefeitura leva a esse estado de caos. Não quero personificar, falar sobre pessoas, mas entre os entes. Eu acho que Cuiabá, principalmente Saúde, precisa avançar muito ainda e a união dos dois é importante para isso. Outra coisa que tá dando agonia na gente é essa questão da segurança pública. Você vê notícia todos os dias que o Comando Vermelho tá tomando conta disso, daquilo, é uma coisa absurda. Aliás, isso tá no Brasil inteiro, né? É uma preocupação muito grande pra gente”, disse Palma.

“Tudo é questão de momento e de oportunidade. Na época que se falou em fazer a Copa em Cuiabá era a oportunidade para se fazer muita coisa, tinha recursos, tinha meios, tinha como fazer e era para ser feito, mas infelizmente não foi feito, não aproveitaram a oportunidade”

Dispara o ex-prefeito Rodrigues Palma

Para além disso, o ex-prefeito cita como uma das maiores “brigas” dos poderes Executivos, Palma cita o imbróglio envolvendo a escolha do modal da cidade e afirma que não é mais o momento de se discutir isso, pois, segundo ele, Cuiabá tinha que ter feito o VLT na época da Copa. Agora, já “perdeu” a chance e não tem mais os recursos que havia na época.

“Tudo é questão de momento e de oportunidade. Na época que se falou em fazer a Copa em Cuiabá era a oportunidade para se fazer muita coisa, tinha recursos, tinha meios, tinha como fazer e era para ser feito, mas infelizmente não foi feito, não aproveitaram a oportunidade. Agora, ficar nessa briga entre prefeitura e Governo do Estado, vai fazer isso, não vai fazer, tudo isso atrapalhou e olha que eram outras pessoas, outro governador, outro prefeito, mas as discussões era as mesmas. Tem que botar a cabeça no lugar e fazer o que pode ser feito. O BRT é um meio de transporte moderno. Não digo que seja o mais moderno, mas é atual”, disse.

Palma é tio e padrinho do chefe da Casa Civil, Fabio Garcia, que acabou sendo preterido pelo governador Mauro Mendes, na escolha do nome para representar o União Brasil na disputa pelo Alencastro. Após quase um ano de espera, o governador, que até então havia afirmado que tinha um compromisso pessoal de apoiar o projeto político de Fabio, acabou escolhendo o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Eduardo Botelho, para assumir a missão.

“Fabio seria o grande nome. Ele tem uma cabeça muito boa, uma formação fantástica, é um cara extremamente preparado e já demonstrou isso como secretário do Mauro, na Prefeitura de Cuiabá, já demonstrou como deputado federal, como senador que ficou lá dez meses e conseguiu fazer coisa que ninguém nunca pensou em fazer. Mas é a tal história, foi o momento político, deixaram ele na mão”, contou.

Projeto político abortado

A experiencia de Fabio já foi vivida pelo próprio tio, que tinha tudo para concorrer à reeleição, mas teve seu projeto político abortado durante as convenções partidárias, quando decidiram pelo nome de Dante de Oliveira para disputar a prefeitura.

“Eu tinha sido um grande prefeito de Cuiabá. Tinha todas as forças para ser prefeito e o Dante veio com toda a força política dele, que era o Homem das Diretas e nacionalmente conhecido. Algumas lideranças ficaram divididas. Algumas me apoiavam e outras o apoiavam. Como decidimos isso? Em uma convenção. Fomos pra convenção e perdia. Passados 10 dias depois, passado o período de luto, eu voltei e vim para o principal comício dele para apoiá-lo para prefeito Cuiabá. Isso é política”, lembrou Palma.

Após não conseguir se candidatar novamente à Prefeitura de Cuiabá, Rodrigues Palma disputou as eleições para a Assembleia Legislativa e foi eleito em 1983 e exerceu o cargo até 1987 e elegeu-se deputado federal constituinte em 1988, onde exerceu o mandato federal por três legislaturas consecutivas, sempre como membro da Comissão de Constituição e Justiça.

Em 2010, Rodrigues Palma foi eleito como segundo suplente na chapa de Blairo Maggi para o Senado, assumindo o cargo em maio de 2018.

“Eu estou satisfeito, feliz, fiz o que tinha que fazer e o que eu pude fazer por minha terra. É isso, que eu acho que a pessoa, a maior posição política que pode ver, eu ainda não fui vereador, estou pensando, sabe? Eu ainda não fui vereador, estou pensando, vamos ver. Quem sabe um dia ainda vou ser vereador em terra? Um dia, não sei quando, mas não estou mais querendo disputar eleição, não. Eu acho que eu já cumpri a minha obrigação com a cidade em que eu nasci. A política agora é só meus filhos, meus netos, meu sobrinho. Aí, nesse eu estou junto com eles”, finalizou.

Trajetória

Bacharel em Direito pela Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), Palma construiu uma carreira política sólida e deixou um legado importante para a cidade de Cuiabá, como um dos maiores crescimentos infraestruturais de história da Capital. Durante a sua gestão, o crescimento populacional de Cuiabá foi significativo, passando de pouco mais de 88 mil habitantes para cerca de 120 mil habitantes.

Um dos projetos de destaque durante sua gestão foi o Comunidade Urbana em Recuperação Acelerada (Cura), que possibilitou a pavimentação de diversos bairros, como Araés, Quilombo, Baú, Poção, Areão, Dom Aquino e Lixeira. O projeto foi executado com recursos do antigo Banco Nacional de Habitação (BNH) e contou com a participação de alunos da UFMT, que realizaram pesquisas nos bairros para identificar as necessidades da população.

Além disso, Rodrigues Palma construiu três ginásios de esportes e canalizou o córrego da Prainha (foto abaixo). Ele também foi responsável pela construção da estação rodoviária da capital, por meio de um convênio entre a prefeitura, os governos estadual e federal. Durante sua gestão, foram erguidos os viadutos da perimetral e parcialmente duplicadas as avenidas Beira Rio e Fernando Côrrea da Costa.