Segundo as pesquisas de intenções de voto, o partido populista Lei e Justiça (PiS) pode sair vencedor, mas terá dificuldades em formar uma coligação para governar, abrindo caminho para a oposição pró-União Europeia. Poloneses vão às urnas neste domingo em eleições lideradas pelo partido populista no poder, PiS, e o Coligação Cívica, comandado pelo ex-presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk.
AP/Michal Dyjuk
Cerca de 29 milhões poloneses vão às urnas neste domingo (15) em eleições legislativas, que prometem ser apertadas e são consideradas determinantes para o futuro dos laços do país com a União Europeia (UE) e com a Ucrânia.
Os locais de votação abriram cedo nesta manhã e os primeiros resultados são esperados para o início da noite.
Segundo as pesquisas de intenções de voto, o partido populista Lei e Justiça (PiS) obteria a maioria das cédulas, mas pode ter dificuldade de formar uma coligação governamental, abrindo caminho para a oposição pró-União Europeia liderada pelo ex-presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk.
“Estas são as eleições mais importantes desde o fim da guerra porque decidirão o futuro do nosso país na Europa e no mundo”, disse à AFP Helena Miklaszewska, uma comerciante de 56 anos, em Halinow, a leste de Varsóvia.
Na mesma seção de voto, Jozef Przygodzki, um aposentado de 70 anos, sublinha o peso destas eleições “importantes porque por causa delas, estamos a discutir com toda a Europa”.
Em Pruszkow, uma cidade nos subúrbios ocidentais de Varsóvia, a aposentada Ewa Slonecka votou “pela mudança”. “Devemos mandá-los para o brejo! São ladrões, roubaram o país, violaram a lei, a Constituição, sancionaram o nepotismo”, afirma.
Por outro lado, a enfermeira Dorota Zbig, 57 anos, prefere dar continuidade ao atual governo. “As mudanças dos últimos anos foram muito boas para mim e para a minha família e espero que todos, incluindo os jovens, votem de forma sensata”, avaliou.
As eleições abrangem a renovação de ambas as Câmaras do Parlamento, num total de 460 deputados e 100 senadores. O PiS convocou, no mesmo dia, a realização de um referendo com questões sobre os migrantes e a economia, numa votação que a oposição apelou ao boicote.
Uma vitória do PiS poderia tornar as tensões com Bruxelas e Kiev e decepcionar aqueles que estão preocupados com o futuro do Estado de direito, a liberdade de imprensa, os direitos das mulheres e os direitos dos migrantes na Polônia.
“Concedemos certos poderes à UE, mas isso é suficiente, nada mais. Estamos na UE, queremos ficar lá, mas numa UE de países soberanos”, repetiu Jaroslaw Kaczynski, líder do PiS, durante a último comício do partido, na sexta-feira.
Partido de Tusk espera virada
O PiS comprometeu-se a continuar as suas controversas reformas no sistema judicial que, segundo a sigla, visam erradicar a corrupção, mas que a UE vê como um ataque à democracia. Um eventual parceiro de coligação do PiS poderia ser a Confederação, um partido de extrema-direita que quer acabar com a ajuda em grande escala à Ucrânia e que fez campanha focada contra a imigração e a UE.
Tusk afirmou que o PiS tinha “planos secretos” para deixar a UE e que estava “conduzindo o país na direção errada”. Os centristas esperam que, mesmo que a Coligação Cívica fique em segundo lugar, o número de votos recolhidos seja suficiente para formar um governo com dois possíveis pequenos aliados, a Esquerda e a Terceira Via.
“Votei na esquerda, pela mudança”, disse um trabalhador de 50 anos em Pruszkow, que preferiu permanecer anônimo. “Quero que as mulheres possam decidir sobre as suas vidas, que os homens não decidam mais se devemos dar à luz uma criança nascida de violação, uma criança que sofre de uma doença incurável”, explica ela.
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Os apoiadores do PiS dizem que a vitória deste domingo permitirá ao partido concretizar a sua visão de uma Polônia poderosa e soberana, baseada em valores católicos tradicionais.
A campanha foi marcada por violentos ataques pessoais contra Tusk, acusado de trabalhar no interesse de Berlim, Moscou e Bruxelas.
Kiev e os seus aliados ocidentais observam atentamente estas eleições, após a recente votação na Eslováquia de um governo hostil à ajuda à Ucrânia. A Polônia é um dos principais apoios de Kiev e acolheu um milhão de refugiados ucranianos no seu solo, mas o tema tem causado controvérsias no país.
O governo desentendeu-se com a Ucrânia depois de declarar a proibição das importações dos cereais ucranianos, argumentando a necessidade de proteger os agricultores poloneses.
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