Prisão do deputado, suspeito de mandar matar Marielle, foi mantida com votos de 277 deputados. Presidente da Câmara não queria que o governo tivesse influenciado na votação. A movimentação do governo para orientar aliados a votar a favor da manutenção da prisão do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ) gerou mal-estar no comando da Casa. O movimento foi visto como interferência pelo presidente Arthur Lira (PP-AL)
Brazão é um dos suspeitos de mandar matar a vereadora Marielle Franco (PSOL) e foi preso em uma operação da Polícia Federal (PF) ao lado do irmão, Domingo Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio.
Segundo a Polícia Federal, a morte de Marielle foi idealizada pelos irmãos e planejada pelo ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa. O motivo seria a disputa por regularização de áreas nas mãos de milícias.
Pela lei, a prisão de Brazão deveria ser analisada pela Câmara. Na noite desta quarta (10), por 277 votos a favor (20 a mais que o necessário) os deputados mantiveram a prisão do colega.
Aliados de Lira e integrantes do governo relataram que ele ficou incomodado com a fala do ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que anunciou que o governo orientaria seus aliados a votar favoravelmente à manutenção da prisão em plenário.
Segundo esses interlocutores, o presidente da Câmara afirmou que o caso não era assunto do Palácio do Planalto, mas sim dos deputados.
Outro fato que irritou Lira foram as ligações de integrantes do governo para os parlamentares durante a votação sobre a prisão do parlamentar na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Líderes haviam acordado que não havia orientação
Antes da votação em plenário, Lira se reuniu com líderes da Câmara para costurar um acordo sobre procedimentos da sessão.
Ficou acertado que não haveria discussão, tempo de fala para líderes, encaminhamentos e que o governo não poderia orientar a votação.
“O Lira determinou que nem maioria, nem minoria, nem oposição e nem governo encaminhariam”, afirmou ao g1 líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE).
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