PF usou 'estação rádio-base' para reconstituir execução de Marielle; técnica já foi usada para investigar políticos


O depoimento de Élcio de Queiroz também traz informações até então desconhecidas, como a rota completa de fuga depois do crime.
Reprodução/ Jornal Nacional
A técnica de rastreamento de celulares para descobrir onde investigados estiveram antes e depois da da execução de um crime é uma das medidas mais usadas em investigações — e um dos elementos de prova produzidos pela Polícia Federal, a partir da delação do ex-policial militar Élcio de Queiroz.
O rastreamento de antenas no caso Marielle Franco desenhou a rota dos criminosos nos oito meses que antecederam a morte da vereadora e de seu motorista Anderson Gomes, em 2018.
Tecnicamente a ação é chamada de “rastreamento da ERB”, sigla para estação radio-base. A ERB é a antena com a qual o aparelho celular “se comunica” quando há ligações, o que permite saber onde a pessoa esteve.
No caso Marielle, permitiu reconstituir os caminhos dos investigados Ronnie Lessa, Edimilson Oliveira da Silva, conhecido como Macalé, e Maxwell Corrêa, o Suel, desde 2017. E, com isso, checar se o que Elcio contou sobre os locais onde eles estiveram de fato era verdade.
O rastreamento, no caso Marielle, permitiu saber onde os criminosos estiveram e reforçar outras provas, diz o Ministério Público.
“Ademais, convém ressaltar a perfeita convergência dos dados da corrida de táxi e a principal prova produzida pela Delegacia de Homicídios (DH) […]. De acordo com a resposta da Cooperativa Táxi Méier, o horário da chegada da dupla à Rua Prefeito Dulcídio Cardoso, Barra da Tijuca, local em que desceram e embarcaram na Evoque de LESSA em direção ao Resenha Bar, foi às 22:29h, sendo certo que o mencionado relatório indica que o efetivo deslocamento físico do telefone de ELCIO ocorreu às 22:30h, por meio da conexão à ERB”, diz o órgão.
Método foi usado em investigações sobre corrupção
Esse tipo de técnica é uma das mais efetivas para rastrear planejamento de crimes. Foi usada em grandes investigações, não somente sobre mortes, mas também sobre corrupção e outros crimes envolvendo políticos.
Isso aconteceu, por exemplo, na investigação sobre o ex-ministro Geddel Vieira Lima. Em 2018, a PF conseguiu descobrir o trajeto que ele tinha feito em 2014 — checando a veracidade das declarações de Lúcio Funaro, apontado como então operador do MDB. À época, Funaro afirmou que Geddel esteve em um hangar descrito como ponto de entrega de propina.
No relatório de 2018, a PF detalhou que “[…] a análise do terminal utilizado por Lúcio Funaro – (11) xxxx xxxx – , onde é possível verificar que seu telefone utilizou a antena ou estação rádio-base (ERB) das proximidades do Aeroporto de Salvador/BA, no dia 29/01/2014, precisamente às 19:39:52h. De outro lado, às 19:00h da mesma data de 29/01/2014, a ERB do terminal utilizado por Geddel Vieira Lima, (71) xxxx xxxx, também foi registrada nas proximidades do aeroporto de Salvador/BA”.

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