Passeio para ver onças atrai turistas de todo o mundo a hotel no Pantanal – fotos | …

Funcionando há mais de 40 anos, o Hotel Porto Jofre tem atraído centenas de viajantes dos quatro cantos do mundo. A experiência de poder ver uma onça-pintada e outros animais tão presentes no Pantanal é o que mais atrai visitantes. O hotel, que começou como um pequeno espaço de camping, hoje costuma receber americanos, ingleses, portugueses, franceses e outros turistas do mundo inteiro. Os passeios são para dois públicos específicos: do turismo de pesca e do turismo de contemplação e fotografia.

“Nós começamos aqui com uma pequena área de camping, passamos para alojamento e depois fomos crescendo e nos tornamos um hotel, ainda que pequeno na época. Com o tempo, o perfil de visitante também foi mudando. Hoje os que vêm aqui não querem levar peixe, não há aquela matança que há décadas existia. Hoje eles pescam e devolvem para o rio. Além disso, vem muita gente com o foco no ecoturismo, observar onças e outros animais. Recebemos pessoas dos quatro cantos do mundo, com muito orgulho, de ver e ouvir o que eles dizem das nossas riquezas”, conta o fundador do hotel, Jamil Rodrigues da Costa, de 74 anos.

Jamil nasceu no meio do Pantanal, na época em que não tinha hospital por perto, e o parto aconteceu em um rancho. Com orgulho, conta que muitas mudanças aconteceram na região e que, quando começou seu projeto, jamais imaginava que chegaria aonde chegou.

“Foram muitos anos de sacrifício e muita coisa aconteceu. No começo levava 5 horas ou mais para chegar até aqui, saindo de Poconé. A estrada era muito ruim, as pontes viviam caindo. Hoje muita coisa já melhorou. Para chegar até aqui hoje levamos em média 2h30 a 3 horas de viagem. Apesar disso, quando começa a época de chuva, ainda temos algumas dificuldades na estrada, mas já melhorou muito em relação ao que um dia foi. Lá no começo eu não imaginava que seria dessa forma, que um dia ia chegar onde chegamos e ver tudo o que vemos hoje”, relata.

Ele é casado com Benedita, de 74 anos, que apesar de ter nascido em Cuiabá, hoje ama o Pantanal como se tivesse nascido ali. Juntos, os dois tocam o hotel que está há quatro décadas na família. “Hoje, ela [Benedita] diz que não tem o que a tire daqui”, brinca.

A equipe do foi até o local conhecer a região. Na estrada da Transpantaneira, já é possível ver uma fauna e uma flora de encantar os olhos. Tuiuius, tucanos, araras-azuis, garças-brancas, jacarés, capivaras. Além disso, as vitórias-régias e as aguapés já começam a dar sinais de que você chegou na maior planície alagável do mundo.

Ao chegar no hotel, a imersão começa, de fato. O passeio de contemplação permite avisar jacarés e onças-pintadas de uma forma que nunca vimos: em seu habitat natural, em momentos de descanso ou de caça. Em nosso passeio, tivemos dois desses momentos: avistamos o momento em que uma onça-pintada caçava um jacaré e vimos todo o processo em que ela levava o animal na boca para a mata, para sua alimentação. Momentos depois, nos deparamos com onças mãe e filha em um desfile majestoso às margens do Rio Cuiabá.

O piloteiro de barco Edson, de 34 anos, trabalha há 14 no local e afirma que esse é o melhor emprego do mundo. “A beleza que temos aqui no Pantanal é indescritível, e as onças-pintadas são um show à parte. Ela é considerada rainha do Pantanal. Fazemos quatro a cinco horas de passeio com os turistas. É uma gratificação trazer o pessoal para o Pantanal.  Sou mato-grossense, filhos de poconeano e não trocaria esse trabalho por nenhum outro. É o melhor do mundo”, conta.

“A propriedade já está na quarta geração e o mais curioso é que viemos de uma geração em que se matava onças. Naquela época, não tinha órgão de defesa do meio ambiente, os fazendeiros pagavam aos peões para limpar o campo matando onça e o meu bisavô matava com lanças chamadas zagaias. Três gerações depois, estamos trabalhando com a preservação das onças”, conta uma das filhas de Jamil, Arley Costa.

Jamil também fala sobre a vontade que tem de que mais mato-grossenses conheçam o Pantanal e não só os estrangeiros.

“Sou pantaneiro, vivi aqui a vida inteira, no meio dessa natureza, mas eu não via com os olhos que vejo hoje. Hoje valorizo muito essa natureza que temos.  Às vezes, nosso próprio povo não conhece, não dá o valor que merece. Muitos daqui conhecem o Rio de Janeiro, São Paulo, mas não conhecem a própria terra, que fica aqui do lado. Eu gostaria que mais pessoas conhecessem essa beleza. Eu tenho meu cantinho aqui, já amanheço admirando os tucanos, as araras. Uma das coisas mais belas do mundo é o nosso Pantanal”, diz, emotivo.

Passeios e valores

Os pacotes no hotel custam a partir de R$ 1.404 o casal. Esse valor inclui a diária em um dos 36 apartamentos do local, para duas pessoas, com pensão completa (café da manhã, almoço e jantar inclusos), tendo pratos típicos da região em todas as refeições. 

Os passeios são para pesca ou contemplação. A embarcação para contemplação custa a partir de R$ 2,5 mil. Há grandes embarcações para até 20 pessoas. Já para o passeio de pesca o pacote é R$ 2,1 mil, já inclusa a diária no hotel, as três refeições e a embarcação.

O turismo de pesca costuma ser de março até junho e de ecoturismo, de junho até novembro.