Padres da Arquidiocese de Cuiabá denunciam que estão impedidos de fazer visitas religiosas no Hospital Estadual Santa Casa, em Cuiabá. Segundo informações, os profissionais da instituição estariam sempre protelando as visitas, mesmo no horário apropriado. Entre as denúncias, os sacerdotes relatam que foram impedidos de dar os sacramentos do batismo e da unção dos enfermos para fiéis que estavam internados no hospital.
Pelas redes sociais, o padre Renan Cunha, diretor da Rádio Bom Jesus, disse que apenas a Santa Casa possui esse tipo de procedimento para visitas religiosas. Em outros hospitais, tanto públicos quanto privados, Cunha relatou que não há definição de horário por se tratar de algo extraordinário, ou seja, que não compete a uma rotina, mas mediante a disponibilidade do sacerdote. Ele disse que várias vezes foi barrado na instituição, sendo o último episódio registrado no sábado (08), e que foi instruído a voltar em outro horário. A visita foi liberada apenas no domingo (09).
Reprodução/Rodinei Crescêncio/Rdnews
“Em todos os hospitais de Cuiabá, a gente entra com facilidade, inclusive na UTI, para fazer a visita religiosa, que não dura cinco minutos. No entanto, na Santa Casa, é um problema recorrente deles barrarem e impedirem os padres de entrar e dar a unção dos enfermos. Eu precisava dar a unção dos enfermos, fui barrado e me disseram que eu teria que ir em outro horário. Em todos os outros hospitais, isso não acontece”, comenta o sacerdote.
Padre Renan reafirmou que não se trata de acusação de intolerância religiosa, mas de um questionamento do protocolo. Ao , ele disse que os padres só fazem essas visitas pois são chamados pelos pacientes ou familiares. As visitas religiosas, independente de religião, são amparadas pela Lei Federal nº 9.982 de 2000.
Outro caso foi o do padre Pedro Faustino, da Paróquia São Sebastião de Várzea Grande, ao tentar batizar uma criança que estava internada na UTI da Santa Casa. Na ocasião, o padre tinha recebido a notícia que a criança tinha tido uma parada cardíaca e foi chamado pela mãe para fazer o batismo.
Ao chegar no local, o padre entrou sem dificuldades na UTI, mas a criança estava sendo extubada, momento em que ele ficou mais distante e aguardou a finalização do procedimento. Em seguida, ao final do processo, uma das enfermeiras tirou a mãe da UTI e o padre logo depois.
“Ela disse que eu não poderia estar ali, que não era horário da visita religiosa e eu perguntei o que ela queria que eu fizesse e a enfermeira me respondeu: ‘a médica pediu para você não entar’. Eu falei que ia batizar a criança, ela retornou para dentro da UTI e, quando voltou, disse que a médica tinha dito que eu não batizaria a criança naquele dia”, explicou o padre Pedro.
O padre Pedro pediu para conversar a médica, sendo que ela teria se recusado a ir até ele e chamado a direção do hospital para que o impedisse de entrar. Após isso, o padre teria conversado com a direção, que convenceu a médica a permitir sua entrada.
Outro lado
Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso (SES-MT) se referiu apenas ao episódio registrado no último sábado (08) e negou a prática de intolerância religiosa, afirmando que a ação partiu por conduta médica.
Leia, abaixo, a nota na íntegra:
“A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT) esclarece que não procede a denúncia de intolerância religiosa contra o Hospital Estadual Santa Casa. A direção da unidade informa que a situação foi motivada por conduta médica, tendo em vista que os profissionais da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) estavam realizando um procedimento de emergência que impedia momentaneamente a presença de visita no local.
A situação foi imediatamente resolvida pois, após o procedimento de emergência, o padre adentrou à UTI e cumpriu a missão religiosa.”