Rodinei Crescêncio/Rdnews
A tendinite calcária do manguito rotador é uma condição dolorosa caracterizada pela deposição de cristais de hidroxiapatita nos tendões do manguito rotador, principalmente no tendão do supraespinhal. Essa condição afeta frequentemente adultos de meia-idade e pode causar dor intensa e limitações funcionais significativas. A etiologia exata da tendinite calcária ainda não é totalmente compreendida, mas acredita-se que seja um processo multifatorial.
“O diagnóstico da tendinite calcária é geralmente clínico, complementado por exames de imagem, como radiografia, que pode revelar depósitos calcários visíveis nos tendões do manguito rotador”
Alguns dos fatores propostos incluem isquemia e hipóxia local, que podem levar a áreas de hipóxia, promovendo a formação de depósitos calcários; alterações degenerativas nos tendões que podem predispor à calcificação; anormalidades metabólicas, como desequilíbrios no metabolismo do cálcio e fosfato; e microtraumas repetitivos do ombro que podem induzir microtraumas resultando em calcificação.
Os sintomas da tendinite calcária do manguito rotador podem variar desde leves até debilitantes. Os principais incluem dor aguda e intensa, geralmente localizada na região anterolateral do ombro, muitas vezes exacerbada à noite; dificuldade em elevar o braço e realizar movimentos acima da cabeça; fraqueza muscular, especialmente ao tentar levantar objetos; e sensibilidade na região afetada.
O diagnóstico da tendinite calcária é geralmente clínico, complementado por exames de imagem, como radiografia, que pode revelar depósitos calcários visíveis nos tendões do manguito rotador; ultrassonografia, útil para identificar a localização e o tamanho dos depósitos calcários, além de avaliar a condição dos tendões; e ressonância magnética, que, embora não seja necessária em todos os casos, pode ser utilizada para avaliar a extensão da inflamação e possíveis lesões associadas.
O tratamento da tendinite calcária do manguito rotador pode ser conservador ou cirúrgico, dependendo da gravidade dos sintomas e da resposta ao tratamento inicial. O tratamento conservador inclui repouso e modificação das atividades, evitando movimentos que exacerbam a dor; fisioterapia, com exercícios de alongamento e fortalecimento para melhorar a mobilidade e função; terapias térmicas, como aplicação de gelo ou calor para alívio da dor; e medicação, como anti-inflamatórios não esteroides para reduzir a inflamação e dor.
O tratamento intervencionista pode incluir injeções de corticosteroides para alívio temporário da dor e inflamação; terapia de ondas de choque, que pode ajudar a fragmentar os depósitos calcários e promover a reabsorção; e aspiração por agulha, um procedimento minimamente invasivo para remover os depósitos calcários. O tratamento cirúrgico, como a artroscopia, é indicado em casos refratários ao tratamento conservador, permitindo a remoção dos depósitos calcários e a reparação de lesões associadas.
O prognóstico da tendinite calcária do manguito rotador é geralmente bom, especialmente com o tratamento adequado. Muitos pacientes experimentam alívio significativo dos sintomas com o manejo conservador. A reabsorção espontânea dos depósitos calcários pode ocorrer, embora o tempo necessário varie. A tendinite calcária do manguito rotador é uma condição dolorosa que pode limitar significativamente a qualidade de vida dos pacientes.
O diagnóstico precoce e o manejo adequado são essenciais para aliviar os sintomas e restaurar a função do ombro. A combinação de terapias conservadoras e intervencionistas oferece um alívio eficaz para a maioria dos pacientes, com a cirurgia sendo reservada para casos mais graves.
Fellipe Ferreira Valle é formado em medicina pela Universidade de Medicina de Teresópolis -RJ, realizando posteriormente residência médica em ortopedia na Santa Casa de Belo Horizonte onde também realizou especialização em cirurgia do joelho e cirurgia do ombro e cotovelo. É também membro fundador da Sociedade Brasileira de Regeneração Tecidual e Socio efetivo da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. Professor de medicina na UNIVAG e preceptor da residência de ortopedia da UNIC. Instagram :@dr.fellipe