O judiciário e a mídia | …

Rodinei Crescêncio

 Maur�cio Munhoz - nova arte - coluna s�bado - janeiro de 2023

Reflexões sobre o caso do ministro Alexandre de Morais versus Folha de S. Paulo

Recentemente, a Folha de São Paulo publicou uma série de reportagens alegando que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), utilizou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) fora do rito processual regular para investigar aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro durante o inquérito das fake news. As reportagens sugeriram que Moraes teria ordenado a produção de relatórios pela Justiça Eleitoral de forma não oficial, utilizando o TSE como um braço investigativo do STF.

Após a publicação das reportagens, o gabinete de Alexandre de Moraes emitiu uma nota afirmando que todos os procedimentos foram oficiais, regulares e devidamente documentados nos inquéritos e investigações em curso no STF, com a participação integral da Procuradoria-Geral da República. Essa refutação, no entanto, não impediu que as alegações da Folha tivessem repercussões significativas. As reportagens geraram um debate acalorado sobre a atuação do ministro e levantaram questionamentos sobre a independência e a imparcialidade do Judiciário.

O equilíbrio entre a liberdade de expressão e a responsabilidade jornalística é essencial para garantir uma imprensa livre e ética. O caso Alexandre de Moraes e a Folha de São Paulo ilustra a delicada interação entre o Judiciário e a mídia

O caso Alexandre de Moraes expõe a complexa relação entre o Judiciário e a mídia, duas frentes que, por vezes, se ajudam e, em outras ocasiões, se atrapalham. O ativismo judiciário, por exemplo, refere-se à atuação proativa dos juízes em questões políticas e sociais. No caso de Moraes, suas decisões no âmbito do inquérito das fake news foram vistas por alguns como uma forma de ativismo, ao buscar combater a desinformação e proteger a integridade das eleições. No entanto, essa postura também pode ser interpretada como uma interferência excessiva do Judiciário em assuntos que poderiam ser resolvidos por outras esferas do poder.

Enquanto isso, a mídia desempenha um papel crucial na formação da opinião pública e na fiscalização dos poderes. As reportagens da Folha de São Paulo trouxeram à tona questões importantes sobre a transparência e a legalidade das ações do ministro. No entanto, a influência da mídia também pode ser problemática quando reportagens são baseadas em informações incompletas ou tendenciosas, levando a julgamentos precipitados e prejudicando a reputação de indivíduos e instituições.

Ademais, a liberdade de expressão é um direito fundamental em uma democracia, permitindo que a mídia investigue e publique informações de interesse público. No entanto, esse direito deve ser exercido com responsabilidade, evitando a disseminação de informações falsas ou enganosas que possam causar danos irreparáveis. O equilíbrio entre a liberdade de expressão e a responsabilidade jornalística é essencial para garantir uma imprensa livre e ética.

O caso Alexandre de Moraes e a Folha de São Paulo ilustra a delicada interação entre o Judiciário e a mídia. Enquanto o Judiciário busca manter a ordem e a justiça, a mídia tem o papel de informar e fiscalizar. Ambos são essenciais para a democracia, mas devem atuar com responsabilidade e respeito mútuo para evitar conflitos desnecessários e garantir a confiança pública nas instituições.

Escrito com Sara Nadur Ribeiro

Maurício Munhoz Ferraz é sociólogo e professor. Atua atualmente como assessor do conselheiro Sérgio Ricardo na presidência do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Foi superintendente federal de Agricultura e Pecuária no Estado de Mato Grosso, ocupou o cargo de secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso em 2022. Trabalhou também como consultor, diretor de pesquisas da Fecomércio-MT e professor de economia da Unemat. Tem mestrado em sociologia, é vice-presidente da Câmara de Comércio Brasil-Rússia,  membro do projeto governança metropolitana do Instituto de Pesquisa Economia Aplicada do Governo Federal (IPEA), vencedor do Prêmio Celso Furtado de economia e escreve nesta coluna com exclusividade aos sábados. E-mail: mauriciomunhozferraz@yahoo.com.br



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