Nunes Marques, na prática, absolveu Bolsonaro

Nunes Marques disse não ver tentativa de golpe de estado no 8 de janeiro, portanto, para ele, não existe mentor intelectual, entendimento que favorece o ex-presidente. O voto do ministro Nunes Marques, no julgamento do primeiro réu da tentativa de golpe de 8 de janeiro, está sendo interpretado como uma decisão profilática que, no futuro, pode beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Porque seu voto fala menos sobre o réu Aécio Lúcio Costa Pereira e mais sobre Bolsonaro. A lógica é simples: se não houve tentativa de golpe, apenas crimes de dano ao patrimônio, não existe autor intelectual, categoria em que Bolsonaro se encaixa.
Para entender: o Ministério Público categorizou os acusados pelo 8 de janeiro em quatro tipos. São eles:
Executores materiais dos atos (partícipes por instigação);
Financiadores;
Agentes públicos responsáveis por omissão imprópria (requisições já protocoladas);
Autores intelectuais, incitadores.
Bolsonaro não executou a tentativa de golpe. Ao contrário. Em 8 de janeiro estava cuidando de joias e relógios, enquanto os patriotas lutavam por ele.
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Até o momento, não há provas de que ele tenha financiado a micareta autoritária.
Assim como ele também não pode ser acusado de omissão, já que não era mais agente público em 8 de janeiro.
Ou seja, o mais provável é que Bolsonaro seja denunciado no grupo “autor intelectual/incitador”. Mas, como Nunes Marques já disse que não vê tentativa de golpe de estado, não existe mentor intelectual. Porque não há incitador do que não aconteceu.
Em resumo, o julgamento do primeiro réu de 8 de janeiro pode ser resumido da seguinte forma: para o relator Alexandre de Moraes, não foi um domingo no parque. Para o revisor Nunes Marques, foi piquenique, sim, com um pequeno contratempo: quebraram a lancheira.

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