Rodinei Crescêncio
A agricultura é uma atividade vital para o sustento da população global que enfrenta desafios significativos, sendo um dos mais prementes o consumo excessivo de água, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), esta atividade é responsável por cerca de 70% da exploração global de água doce. Esse uso desenfreado de recursos hídricos não apenas pressiona as reservas de água, mas também contribui para uma série de problemas ambientais, como a escassez de água e a degradação do solo.
A tradicional prática de irrigação na agricultura convencional, muitas vezes realizada por aspersão, desperdiça grandes volumes de água, uma vez que parte dela se perde durante a aplicação, cenário que cria uma urgência crescente para desenvolver métodos de cultivo mais eficientes e sustentáveis, e é nesse contexto que a hidroponia emerge como uma solução promissora, representando uma mudança significativa na forma como cultivamos nossos alimentos.
A hidroponia se apresenta como uma alternativa mais eficiente e ecologicamente correta, já que essa técnica revolucionária permite o cultivo de vegetais sem a necessidade de solo, utilizando uma solução líquida enriquecida com todos os nutrientes essenciais para o crescimento das plantas, existem duas variantes principais da hidroponia: a NFT e a DWC.
“A hidroponia se apresenta como uma alternativa mais eficiente e ecologicamente correta, já que essa técnica revolucionária permite o cultivo de vegetais sem a necessidade de solo, utilizando uma solução líquida enriquecida com todos os nutrientes essenciais para o crescimento das plantas”
A NFT, ou Técnica de Fluxo Laminar Nutritivo, direciona uma solução nutritiva por meio de perfis onde as mudas são colocadas, de forma que este fluxo alimenta as raízes das plantas, permitindo que cresçam de maneira eficiente até a colheita. Já a DWC, ou Cultura em Água Profunda, utiliza grandes piscinas preenchidas com a solução nutritiva, onde as plantas flutuam em placas furadas sobre a superfície.
Destarte, a implementação do método DWC em escala industrial é uma abordagem que se mostra mais econômica e eficiente em termos de recursos quando comparada à NFT, já que o método ‘floating’ consome menos investimentos e utiliza menos recursos, resultando em um ambiente mais próximo do solo, favorecendo o desenvolvimento e crescimento das hortaliças.
A principal vantagem ambiental da hidroponia é a drástica redução no consumo de água, já que estudos indicam que esse sistema consome apenas 1% da água utilizada nas plantações convencionais, ao mesmo tempo em que aumenta a produtividade de quatro a cinco vezes, desta forma, a eficiência da hidroponia é notável, uma vez que a solução nutritiva é utilizada apenas na quantidade necessária para o consumo das plantas, eliminando desperdícios.
Além do uso eficiente da água, a hidroponia oferece benefícios adicionais. A capacidade de reaproveitar a solução nutritiva contribui para a sustentabilidade, enquanto a produtividade 12,5 vezes maior proporciona uma produção mais constante e eficaz. A substituição simplificada das placas de cultivo permite colheitas consecutivas sem a necessidade de preparação extensiva do solo, destacando a praticidade e a eficácia desse método.
Em conclusão, a adoção da hidroponia pela Verdureira e outras empresas representa um passo crucial para enfrentar os desafios associados à intensa demanda hídrica na agricultura. Essa abordagem inovadora não apenas reduz o impacto ambiental, mas também oferece uma solução viável para garantir a segurança alimentar global. À medida que mais empresas abraçam práticas agrícolas sustentáveis, a esperança de um futuro mais equilibrado e resiliente para nosso planeta se fortalece.
Escrito com Sara Nadur Ribeiro
Maurício Munhoz Ferraz é sociólogo e professor. Atua atualmente como assessor do conselheiro Sérgio Ricardo na presidência do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Foi superintendente federal de Agricultura e Pecuária no Estado de Mato Grosso, ocupou o cargo de secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso em 2022. Trabalhou também como consultor, diretor de pesquisas da Fecomércio-MT e professor de economia da Unemat. Tem mestrado em sociologia, é vice-presidente da Câmara de Comércio Brasil-Rússia, membro do projeto governança metropolitana do Instituto de Pesquisa Economia Aplicada do Governo Federal (IPEA), vencedor do Prêmio Celso Furtado de economia e escreve nesta coluna com exclusividade aos sábados. E-mail: mauriciomunhozferraz@yahoo.com.br