Os brasileiros se preocupam mais com pobreza e desigualdade social, crime e violência e corrupção do que com inflação, mudanças climáticas, conflito militar entre nações. Essa é a conclusão de uma pesquisa global realizada em 29 países entre fevereiro e março deste ano pela Ipsos, empresa de pesquisa e inteligência de mercado fundada na França há quase 50 anos. A pobreza e a desigualdade social formam o tema apontado como mais problemático para 41 % dos brasileiros entrevistados. Além do Brasil, Bélgica, Holanda e Japão consideram a pobreza e desigualdade como sua maior fonte de preocupação.
A percepção do problema da pobreza e suas inaceitáveis nuances faz sentido, sobretudo numa semana em que o Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), provocado por partidos políticos, expôs uma das preocupações e dificuldades mais urgentes; como lidar com a população em situação de rua, vítima frequente de violação maciça de direitos humanos. O Ministro determinou que em 120 dias o governo federal deve apresentar um diagnóstico atual da população, com identificação do perfil, procedência e suas necessidades, além de um plano de monitoramento e ação, com medidas que respeite as especificidades dos diferentes grupos familiares.
“No Brasil, enquanto permanecermos andando em círculos, acumulando indignidades e equívocos para erradicar a pobreza em todas as suas dimensões não teremos tempo, ânimo ou argumentos para adentrarmos outros discussões, como por exemplo, mudanças climáticas”
A população em situação de rua é vítima visível do combo desigualdade social, pobreza, desemprego, abandono e violência. O Ministro também determinou que estados e municípios proíbam remoção compulsória das pessoas em situação de rua e os mantenham, juntamente com seus pertences e animais de estimação nos abrigos institucionais.
Ao todo, nos 29 países pesquisados a preocupação relativa à pobreza e desigualdade social chega a 34%. Os analistas da pesquisa destacam uma diferença entre as preocupações dos países de renda baixa, média e alta. Entre os países mais pobres, a corrupção, o desemprego, a pobreza extrema estão entre os mais discutidos internamente. Essas preocupações aparecem nos países de renda média, em menor grau, porque já articulam outras discussões. Já nos países ricos, a maior preocupação é com o estado da economia mundial, o aquecimento global e a guerras.
No Brasil, enquanto permanecermos andando em círculos, acumulando indignidades e equívocos para erradicar a pobreza em todas as suas dimensões não teremos tempo, ânimo ou argumentos para adentrarmos outros discussões, como por exemplo, mudanças climáticas. Irônico, mas desde a Constituição de 1934, a noção de dignidade humana já estava incorporada no ordenamento jurídico brasileiro. Continua no papel, bem cortado no Art.6º da Constituição Federal: “São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015).
Na Declaração Universal dos Direitos Humanos das Nações Unidas, lê-se no artigo 25: “Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e à sua família saúde, bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis e direito à segurança em caso de desemprego, doença invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle”.
Tudo seco, apenas no papel.
Olga Lustosa é socióloga e cerimonialista pública. Escreve com exclusividade para esta coluna aos domingos. E-mail: olgaborgeslustosa@gmail.com
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