Ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), defendeu a refundação das polícias do Rio de Janeiro, mas não houve manifestação institucional do governador do estado sobre o assunto. Viatura da Polícia Militar do Rio de Janeiro
Reprodução/redes sociais
O ministro Gilmar Mendes defendeu a refundação das polícias do Rio de Janeiro e ninguém deu um pio. Neste caso, é papel institucional do governador do estado sair em defesa das instituições, mesmo reconhecendo necessidades de aprimoramento.
Foi assim no governo Brizola, quando PMs se envolveram na Chacina da Candelária, e no governo Marcello Alencar, quando policiais civis patrocinavam sequestros.
O secretário de segurança de Garotinho, Luiz Eduardo Soares, cunhou a expressão que simbolizava a correta estratégia dos governadores: era necessário eliminar “banda podre”, mas preservar o lado saudável das instituições.
Seria impensável um ataque como o do ministro do STF sem uma reação do Palácio Guanabara. E por que o silêncio de hoje? Porque o Rio sua elite política mudaram para pior.
Ninguém quer refundar nada. O objetivo é afundar a Polícia Federal. Silencioso agora, o Palácio Guanabara foi muito barulhento ao tentar impedir a posse do superintendente da PF, no Rio, delegado Leandro Almada.
A PF conduz inquéritos que miram a elite política do Rio. Derrubar Almada sempre foi um sonho e objetivo dessa elite. As críticas à investigação do caso Marielle – mesmo as necessárias e justas – são comemoradas como forma de enfraquecer a PF.
Como bem resumiu o sociologia e cientista político da UFRJ, Paulo Baia , no Rio é difícil saber quem é parte do problema, quem é parte da solução.
Em artigo escrito recentemente, ele alerta sobre “a necessidade premente de reinventar as estruturas políticas, sociais e institucionais que permeiam o cenário carioca e fluminense”.
Em resumo: não se trata de refundar só as polícias, sem mexer nas estruturas políticas. As bandas podres nunca agiram sem proteção política.
E essas elites políticas continuam trabalhando para implodir a Federal. Sem se preocupar em refundar nada. Apenas em se preservar.
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