“Está se criando uma narrativa que não cola nele (Nigri). Ele apenas faz uma pergunta a Aras. Não há qualquer pedido, nenhum pleito de ajuda ou interferência”, diz Alberto Toron. Meyer Joseph Nigri
Zanone Fraissat/Folhapress
O advogado do empresário Meyer Nigri, que foi arrastado para o centro de apurações sobre a conduta de Jair Bolsonaro no comando do Planalto, diz que a conversa revelada pelo Uol e confirmada pelo blog entre seu cliente e o procurador-geral Augusto Aras “não pode levar a outra conclusão” se não a de que Nigri fez apenas uma pergunta a Aras, “não um pedido de interferência”.
No diálogo, obtido pela Polícia Federal no celular de Nigri, o empresário envia links com reportagens sobre o pedido de investigação de um grupo de WhatsApp do qual ele fazia parte, e onde houve discussão sobre um eventual golpe de estado caso Luiz Inácio Lula da Silva vencesse as eleições.
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“Que achou?”, pergunta o empresário após enviar os links. “Vou localizar o expediente, pois se trata de mais um abuso do fulano”, responde o PGR.
“Está se criando uma narrativa que não cola nele (Nigri). Ele apenas faz uma pergunta a Aras. Não há qualquer pedido, nenhum pleito de ajuda ou interferência. O diálogo é claro e não permite outra interpretação que não essa”, diz o advogado Alberto Toron.
Segundo o blog apurou, Nigri já prestou dois depoimentos à Polícia Federal após a abertura de inquérito para apuração do grupo de empresários que discutia golpe. Ele não teria usado do direito ao silêncio e respondeu a todas as questões.
Segundo Toron, Nigri também entregou voluntariamente as senhas de seu telefone celular.
Este não é o único contato entre Aras e Nigri registrado pela PF. Em outras mensagens, eles falam sobre uma visita do PGR a Israel.
Nigri e Aras são amigos pessoais e o PGR fez questão de mencionar o empresário em seu discurso de posse no cargo em 2019.
“Não posso deixar de cumprimentar um amigo de todas as horas neste momento em que vivenciamos. E faço uma homenagem especial ao amigo Meyer Nigri, em nome de quem cumprimento toda a comunidade judaica, que comemorou 5.780 anos nos últimos dias”, disse Aras. “Ficaria difícil para mim nominar cada amigo. Então peço vênia para, em nome de Meyer Nigri, cumprimentar a todos presentes”, concluiu.
A fala foi recuperada por integrantes do Ministério Público Federal que relatam “profundo constrangimento” com as últimas revelações.
Na política, o diálogo com Nigri foi visto como a pá de cal na tentativa de Aras de permanecer à frente da PGR no governo Lula.
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