O secretário nacional de Política Agrícola, Neri Geller, negou que tenha pedido para deixar o cargo nesta terça-feira (11) e exigiu do Ministério da Agricultura a retificação da portaria da sua exoneração, que ainda não foi publicada no Diário Oficial. A informação consta em troca de e-mails com o gabinete e vai de encontro ao que foi afirmado pelo ministro Carlos Fávaro (PSD) ao no início da tarde.
Na ocasião, Fávaro afirmou que o secretário havia entregado o cargo após denúncia de fraude no leilão de arroz realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Em mensagem à secretaria-executiva do MAPA, Fávaro solicita a exoneração de Neri “a pedido”, o que foi contestado pelo secretário, que exigiu via e-mail a retificação do documento – veja imagem abaixo.
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Neri Geller estava no cargo desde dezembro do ano passado. Ele é ex-ministro da Agricultura na gestão de Dilma Rousseff (PT) e ex-deputado federal por Mato Grosso. Teve Robson Luiz Almeida França, responsável por arrematar nove dos 15 lotes de arroz do leilão ocorrido na semana passada, como assessor parlamentar.
Em 2023, Robson França e o filho de Neri, Marcelo Piccini Geller, teriam aberto uma empresa em sociedade, o que, segundo Fávaro, motivou o pedido de demissão.
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O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e o secretário nacional de Política Agrícola, Neri Geller
Entenda o caso
O Governo Federal, por meio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), havia adquirido, na semana passada, 263 mil toneladas de arroz importado em um leilão público – o que corresponde a 88% do pedido inicial, que era de 300 mil toneladas. As negociações ocorreram após as enchentes no Rio Grande do Sul, mesmo o Governo tendo anunciado que teria arroz suficiente em estoque, a fim de garantir a regulação do mercado.
O produto foi adquirido por R$ 25, o pacote de 5 kg, e deveria chegar na mesa do consumidor final por R$ 20 (ou seja, R$ 4 por 1 kg).
Acontece que, nesta terça-feira (11), o Governo voltou atrás e anulou o leilão, sob justificativa de que há indícios de incapacidade técnica e financeira de algumas empresas vencedoras. No entanto, o Governo pretende fazer um novo leilão.