Presidente afirmou também que ‘desunião das forças democráticas’ serve à extrema-direita. Lula chegou ao país nesta segunda (8) disposto a discutir investimentos da Petrobras na Bolívia e formas de baratear a importação de gás natural para empresas brasileiras. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta terça-feira (9) que integração é uma necessidade de sobrevivência dos países da América do Sul. E que a “desunião das forças democráticas” serve à extrema-direita.
“A integração é uma necessidade de sobrevivência dos países da América do Sul, do Brasil e da Bolívia. […] É preciso dar uma chance no século 21 para que Brasil, Bolívia e outros países da América do Sul deixem de ser tratados como países em vias de desenvolvimento”, disse Lula. “A desunião das forças democráticas só tem servido à extrema-direita”, prosseguiu o presidente.
Lula ainda defendeu a volta da Venezuela ao Mercosul — o país está suspenso desde 2017, por não ter cumprido algumas recomendações previstas no acordo.
Lula se reúne com o presidente Luís Arce 12 dias após tentativa de golpe na Bolívia
Lula cumpre agenda na Bolívia e, mais cedo, se reuniu reservadamente com o presidente boliviano, Luis Arce (leia mais abaixo).
“O bom funcionamento do Mercosul, que agora tem a satisfação de acolher a Bolívia como membro pleno, concorre para prosperidade comum. Esperamos também poder receber logo e muito rapidamente de volta a Venezuela”, disse Lula.
“A normalização da vida política venezuelana significa estabilidade para toda a América do Sul. Por isso, fazemos votos de que as eleições transcorram de forma tranquila e que os resultados sejam reconhecidos por todos”, completou o presidente.
As eleições presidenciais na Venezuela estão marcadas para o próximo dia 28, quando o atual presidente Nicolás Maduro, herdeiro político de Hugo Chávez, tentará um novo mandato.
As eleições na Venezuela ocorrerão sob desconfiança da comunidade internacional de que Maduro não assegurará eleições livres e democráticas — o que contraria um compromisso assinado pelo governo venezuelano em outubro de 2023.
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Brics
Lula relatou que Arce lhe informou do desejo da Bolívia de ingressar no Brics. O grupo que tinha Brasil, Rússia, China, África do Sul e Rússia recebeu neste ano Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes, Etiópia e Egito.
“O Brasil vê como muito positiva a inclusão da Bolívia e de outros países de nossa região”, disse Lula.
O presidente destacou que Brasil e Bolívia compartilham “visões de mundo convergentes” em temas como a redução da desigualdade e a segurança alimentar. Por isso, Lula convidou Arce para reunião de novembro do G20 e para integrar a aliança contra a fome que o governo brasileiro lançará.
Lula afirmou que Brasil e Bolívia podem se tornar países importantes na transição energética por meio da preservação de florestas, incentivo à energias sustentáveis, produção de alimentos e exploração de minerais críticos. A parceria entre os países poderá facilitar o escoamento de produtos.
“Não existe saída individual para nenhum país na América do Sul. Ou nós nos juntamos, formamos um bloco, tomamos decisões conjuntas e executamos as decisões, ou vamos continuar mais um século sendo países em via de desenvolvimento”, acrescentou.
Arce saldou Lula pela “visão atual do Brasil” e afirmou que a integração regional é essencial para que os dois países tenham acesso direto aos oceanos Pacifico e Atlantico.
O presidente boliviano também reforçou em seu discurso a vontade de fortalecer acordos com o Brasil.
“Não somente estamos falando de gás, mas existem o lítio, nossos sais, minerais, fertilizantes, por isso estamos aqui acelerando os processos, não temos mais tempo, temos que nos apressar” afirmou
Tentativa de golpe
Lula citou na declaração os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 no Brasil e a recente tentativa de golpe na Bolívia (leia mais abaixo). Para o presidente, “as instituições bolivianas mostraram seu valor frente a uma grave ameaça”.
Lula reafirmou que é preciso evitar retrocessos democráticos, a exemplo da destituição do então presidente Evo Morales na Bolívia, em 2019.
“A Bolívia não pode voltar a cair nessa armadilha, não podemos tolerar desvaneios autoritários e golpismo. Temos a enorme responsabilidade de defender a democracia contra as tentativas de retrocesso em todo mundo. A desunião das forças democráticas só tem servido a extrema direita”, afirmou Lula.
Presidente Lula e presidente da Bolívia, Luis Acre.
Ricardo Stuckert / Presidência da República
Temas da visita
A declaração foi dada após reunião bilateral com o presidente boliviano. Lula ainda deve participar de um encontro com movimentos sociais e de um fórum empresarial.
Lula viajou à Bolívia disposto a discutir investimentos da Petrobras no país e formas de baratear a importação de gás natural para empresas brasileiras. A segurança na área de fronteira é outro tema de interesse do governo brasileiro.
O encontrou entre os presidentes ocorre 12 dias após uma tentativa fracassada de golpe de estado no país.
Lula chegou à cidade boliviana na noite de segunda (8), após participar da cúpula do Mercosul em Assunção, capital do Paraguai.
Arce também esteve na reunião para formalizar a adesão do país ao bloco fundado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.
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