Membros do CV teriam fiscais municipais já “carimbados” para facilitar esquema | …

Desarticulados durante a Operação Ragnatela nessa quarta-feira (5), membros da facção Comando Vermelho construíram um esquema de lavagem de dinheiro e realização de shows em casas noturnas na Capital com ajuda de fiscais “comprometidos com o esquema” para a concessão de licenças e alvarás nos eventos que não possuíam a documentação legal exigida.

Empresários, influenciadora digital, ex-jogador de futebol, servidores e o vereador por Cuiabá, Paulo Henrique (MDB), são alvos da operação deflagrada pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado de Mato Grosso (FICCO/MT).

PF

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Operação Ragnatela foi deflagrada nessa quarta-feira (05) e cumpriu mandados de prisão e busca e apreensão em Cuiabá

De acordo com o documento que guiou as investigações, Willian Aparecido da Costa Pereira, o “Willian Gordão” (dono do Dallas Bar), e Elzyo Jardel Xavier Pires (Promoter) e o ex-servidor da Câmara Municipal de Cuiabá, Rodrigo Leal, contavam com um grupo de fiscais da Secretaria Municipal de Ordem Pública (SORP) que facilitaram a concessão de alvarás e licenças. 

Dessa forma, durante a realização dos shows, os suspeitos se certificariam que os supostos comparsas integrariam a equipe de fiscalização.

“Em contrapartida, os agentes públicos receberiam benefícios financeiros de forma direta e indireta do grupo responsável pela promoção dos shows”, destaca trecho do relatório de investigação. 

Para aprimorar o esquema, os faccionados teriam um suposto acordo com um ex-secretário adjunto da SORP, Benedito Alfredo (já falecido), para que em dias de eventos nas casas noturnas fossem escolhidos  membros da organização e disponibilizada antecipadamente uma escala mensal das equipes. 

Em alguns episódios, o ex-secretário inclusive teria alertado sobre algumas ações de fiscalização e tranquilizado o grupo assegurando que seria “gente nossa”, conforme trecho do relatório. Outro ponto que salienta a participação do ex-secretário é a inclusão do seu nome na tabela de gastos do grupo criminoso. 

Em um dos elementos elencados, a investigação cita um diálogo registrado em 14 de junho de 2022, quando é solicitado que Rodrigo entre em contato com o ex-secretário para agilizar uma fiscalização de um espaço onde aconteceria um evento. Na conversa é instruído que seja solicitado que Benedito selecione o fiscal que ficaria responsável para realizar a vistoria no local e verificar se estaria de acordo com as normas estabelecidas.

Operação Ragnatela

A Operação Ragnatela apura crimes relacionados à gestão de casas noturnas e realização de shows para lavar dinheiro de facções criminosas. A operação tem o objetivo de desarticular o núcleo da maior facção criminosa do estado de Mato Grosso, responsável por lavagem de dinheiro em casas noturnas cuiabanas.

Aproximadamente 400 policiais cumpriram oito mandados de prisão preventiva e 36 de busca e apreensão nos estados de Mato Grosso e Rio de Janeiro, além do sequestro de imóveis e veículos, bloqueio de contas bancárias, afastamento de servidores de cargos públicos e suspensão de atividades comerciais. As ordens judiciais foram expedidas pelo Núcleo de Inquéritos Policiais da Comarca de Cuiabá.



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