O governador Mauro Mendes (União Brasil) saiu em defesa da Polícia Militar e rejeitou a possibilidade de implementar câmeras de videomonitoramento nas fardas policiais no estado de Mato Grosso, sob a alegação de que seria uma completa inversão de valores. A manifestação ocorreu quando questionado sobre o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que assumiu estar errado por ter rejeitado o monitoramento inicialmente.
Marcos Vergueiro
Recentemente, a PM de São Paulo protagonizou diversas cenas de excesso policial. Imagens divulgadas mostram policiais agredindo uma idosa e o arremesso de um homem sobre uma ponte.
Segundo Mauro Mendes, no que diz respeito ao episódio da ponte, o policial deve ser punido. No entanto, avalia que essa atitude não pode ser argumento para destruir a reputação de uma instituição honrada.
“Acho lamentável a forma como foi tratado esse episódio na cidade de São Paulo. É claro que aquele policial que jogou aquele cidadão da ponte de 3 metros, não deveria fazer aquilo e ele tem que ser punido. Agora, pegar um fato desse e transformar isso em um absurdo, acho que é uma mudança, uma inversão completa dos valores desse país”, comentou o chefe do Executivo mato-grossense.
Ele avaliou que em casos de bandidos torturando e executando cidadãos não tanta “comoção”, mas por se tratar de um policial, há a construção de uma narrativa para manchá-los. “Eu vejo direto rodando vídeo de criminosos que assassinam e executam cidadãos a sangue frio, que cortam cabeça, arrancam coração, e cadê a indignação contra essas pessoas?”, disse.
“Não é porque um ou outro comete crime, comete delito, que temos que condenar toda uma população de brasileiros que trabalha na Segurança Pública. Fica aqui a minha indignação, porque estou vendo um inversão de valores. Colocar câmera na farda dos nossos policiais, é tê-los como se eles fossem os bandidos desse país, que precisam ser vigiados, não os bandidos. Quando são eles que estão enfrentando os bandidos”, pontuou.
Por fim, Mauro Mendes reforçou que crimes cometidos por policiais não representa sequer 0,1% dos registrados no país. Além disso, ironizou, questionando se as câmeras reduziriam os roubo de celulares ou os homicídios.
“A câmera pode até inibir alguma coisa, mas hoje, no Brasil, menos de 0,00001% são cometidos por policiais. No que isso vai diminuir o roubo de celular? No mais de 40 mil assassinatos por ano? Muitos deles são praticados por bandidos”,concluiu o governador.