Mato Grosso é o terceiro estado com maior taxa de feminicídios no Brasil, com 2,6 casos para cada 100 mil mulheres, quase o dobro da média nacional, que é de 1,4. Os dados são do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2023, publicado nesta quinta-feira (20).
O Estado está atrás apenas de Rondônia (3,1) e Minas Gerais (2,9) e está empatado com o Acre (2,6). O anuário também aponta 5,6 homicídios de mulheres para cada 100 mil mulheres, enquanto a média nacional ficou em 3,9.
“O feminicídio é toda morte de mulheres ocorrida por sua condição de gênero ou quando envolve violência doméstica ou familiar, sendo, portanto, uma morte necessariamente discriminatória”. Conforme aponta o anuário, o crime é avaliado como a parte final de um processo de agravamento da violência.
Imagem Ilustrativa
“Por conta disso, é possível dizer que o feminicídio é uma violência evitável se forem empregadas políticas públicas de prevenção, proteção e acolhimento das vítimas dos diversos tipos de violência contra as meninas e mulheres”, diz trecho.
As vítimas
De acordo com o Anuário, a nível nacional, entre as vítimas de feminicídio, 61% eram negras e 38% brancas. Nos demais assassinatos de mulheres, o percentual de vítimas negras é ainda maior, com 68% dos casos, para 30% de brancas.
Quanto à idade, 72% das vítimas de feminicídio tinham entre 18 e 44 anos quando foram mortas, sendo que o maior percentual se concentra na faixa entre 18 e 24 anos. Segundo o anuário, em quase metade dos casos de feminicídio (49,9%) a morte é empregada por meio de facas.
“A ideia de que o feminicídio é um crime passional acaba gerando conclusões muitas vezes precipitadas em relação aos instrumentos empregados no ato de sua morte. Assim, ainda que nos casos de feminicídios, a arma branca seja a mais frequente, responsável pela metade das mortes, a arma de fogo foi o instrumento utilizado em 26,3% dos casos”, diz outro trecho do estudo.
Agressões como asfixia, espancamento e estrangulamento foram o modus operandi de 10% das fatalidades registradas.
Autores dos crimes
Em 83% dos casos, o autor do feminicídio é alguém próximo da vítima. Em 53,6% dos casos o autor é identificado como o parceiro íntimo, em 19,4% dos casos é o ex-parceiro e em 10,7% constava outro familiar, como filho, irmão ou pai.
Além disso, em relação ao local de ocorrência, 7 em cada 10 vítimas de feminicídio foram mortas dentro de casa. Já nos demais assassinatos de mulheres, a via pública foi o lugar mais frequente, representando o local da morte de 36,5% dos casos, seguido da residência (34,9%).
Outro lado
Por meio de nota, a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) destacou as ações tomadas pelo Governo para combater os índices de violência contra a mulher.
Veja a nota na íntegra:
“A Segurança Pública tem um amplo trabalho com ações investigativas e de pré e pós atendimento e acompanhamento a vítimas de violência doméstica familiar. As polícias Civil e Militar atuam de forma integrada. Em todo Estado também existe a Patrulha Maria da Penha (da PM), que realiza a fiscalização de medidas protetivas.
Quando uma mulher sofre violência doméstica e familiar, ela pode buscar auxílio do Estado nas Delegacias de Defesa da Mulher, núcleos de defesa da mulher ou delegacias municipais; ou por meio virtual, pelo do aplicativo SOS Mulher MT ou mesmo pelo site. O aplicativo garante maior proteção a vítimas com o acionamento do botão do pânico instalado no aparelho de telefone celular.”
