Lula reclama da ausência de governadores em evento sobre investimentos do PAC


Segundo o governo, serão destinados R$ 41,7 bilhões a obras de mobilidade, saneamento e drenagem. Lula mencionou a ausência de Tarcísio de Freitas e atribuiu a falta de gestores estaduais ao que chamou de ‘imagem negativista’ deixada por Bolsonaro. Lula reclama da ausência de governadores em evento de anúncio de investimentos do PAC
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reclamou nesta sexta-feira (26) da ausência de governadores na cerimônia, no Palácio do Planalto, de anúncio de projetos com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Ao todo, segundo o governo federal, serão investidos R$ 41,7 bilhões, em diversas unidades da federação, em empreendimentos de mobilidade urbana, saneamento básico, abastecimento de água e drenagem.
De acordo com a assessoria do Planalto, compareceram ao evento somente 8 dos 27 governadores:
Jerônimo Rodrigues (PT), da Bahia
Raquel Lyra (PSDB), de Pernambuco
Elmano de Freitas (PT), do Ceará
João Azevêdo (PSB), da Paraíba
Renato Casagrande (PSB), do Espírito Santo
Rafael Fonteles (PT), do Piauí
Fábio Mitideri (PSD), de Sergipe
Wilson Lima (União Brasil), do Amazonas
Também estiveram no palácio dos vice-governadores Hana Ghassan (Pará), Felício Ramuth (São Paulo) e José Carlos Barbosa (Mato Grosso do Sul).
Durante pronunciamento, Lula disse que a classe política precisa mostrar à sociedade que a “convivência democrática respeitosa na adversidade” é salutar para cidades, estados e para a União.
Para o petista, a decisão de alguns governadores de não comparecer, entre eles Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, pode ser consequência do comportamento do antecessor, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Alguns [governadores] não têm comparecido. Possivelmente, ainda pela imagem negativista de um presidente da República que só viajava para o estado que ele gostava, só viajava para atender amigos e não dava importância para aqueles que pensassem diferente dele. É uma coisa absurda”, disse Lula.
O petista afirmou que os governantes precisam “trazer o Brasil de volta à civilidade” e atuar em parceria.
“Nós não queremos chegar [e dizer]: ‘O governo federal está fazendo uma obra no estado do Pernambuco’, não. Queremos ver ‘o governo federal, em parceria com o governo do estado, com os municípios, estão fazendo tal coisa’. Por respeito ao povo e para que o povo aprenda a respeitar os entes federados. Porque, senão, o país desanda, o mau humor toma conta da sociedade”, acrescentou o petista.
Ausência do governador do RS
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), também não compareceu ao anúncio. O estado foi contemplado com R$ 6,5 bilhões para obras de drenagem, que auxiliarão na prevenção de cheias a exemplo da catástrofe de maio.
A assessoria do governador informou que o convite foi realizado na quarta-feira (24) e que não foi possível viajar até Brasília em razão da dificuldade logística do estado, já que o aeroporto Salgado Filho, de Porto Alegre, está fechado para voos.
Os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Jader Filho (Cidades) foram questionados sobre a ausência de Leite. Costa disse não caber a ele comentar a agenda de governadores.
“Não há lado na seleção do PAC. Não olhamos com relação, se ele é de direita, de esquerda ou de centro. Queremos atender à sociedade. Se a sociedade elegeu aquele governante, é com ele que vamos tratar. Porque ele é o representante do estado”, disse Jader.
Sobre o RS, Rui ainda afirmou que os sistemas de prevenção de cheias que serão reformados ficam na região metropolitana de Porto Alegre. O sistema de bombas e diques da capital, administrado pela prefeitura, teve falhas durante as cheias de maio.
“Vamos modernizar aquele sistema, requalificar e deixar todos em funcionamento. Estamos falando basicamente da região metropolitana”, disse o ministro.
Obras inacabadas
Durante o discurso, Lula disse ter verificado que obras iniciadas nos governos petistas anteriores seguem inacabadas e citou Florianópolis (SC), como exemplo. Na avaliação do presidente, os empreendimentos não foram concluídos em razão de um “critério imbecil”.
“‘Cuidar de enchente é um problema do prefeito, eu não moro na cidade. Cuidar de desbarrancamento, de deslizamento de terra, é um problema de pobre que mora lá, eu não moro lá’. E, assim, as pessoas vão sendo esquecidas. E a gente vê que projetos, que foram anunciados em 2012, sequer saíram do papel. Em vários estados da federação, em várias cidades. Por que? Porque cada prefeito, cada governador, cada presidente da República quer ter a sua marca”, disse.
Antes do discurso de Lula, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, citou que Santa Catarina – estado chefiado por Jorginho Mello (PL), que não frequenta solenidades no Planalto, – terá R$ 1 bilhão para obras de macrodrenagem. Jorginho é aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Mais críticas a Campos Neto
O presidente Lula durante cerimônia no Palácio do Planalto nesta sexta-feira (26)
Reprodução/Canal Gov
Os governadores que se ausentaram da cerimônia não foram os únicos alvos das críticas de Lula. O petista voltou a atacar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que foi indicado para o cargo na gestão Bolsonaro.
Nas declarações que faz sobre Campos Neto, Lula evita citar o nome do dirigente do BC, a quem chama de “cidadão”
“O cidadão jovem, bem sucedido na vida, diz que negócio do aumento do salário mínimo pode gerar inflação. Para não ter inflação é preciso o pouco ganhar pouco? Será que essa pessoa não tem respeito? Alguém ganha salário mínimo porque quer ganhar salário mínimo?”, indagou Lula.
As reclamações contra o presidente do BC começaram logo no início do terceiro mandato de Lula, que nunca concordou com o patamar elevado das taxas de juros no Brasil.

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