Avião com comitiva do presidente deixou base aérea na manhã desta quarta-feira (17). Lula só deve chegar a Hiroshima na manhã de sexta (19); viagem tem escalas no México e nos EUA. Lula embarca para viagem ao Japão
TV Globo/Reprodução
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarcou na manhã desta quarta-feira (17) em viagem com destino a Hiroshima, no Japão, para participar da reunião de cúpula do G7. O avião com a comitiva presidencial decolou da base aérea de Brasília por volta das 9h.
A chegada ao destino, no entanto, só deve ocorrer na manhã de sexta (19). O avião fará duas escalas:
uma no México, onde está previsto pouso nesta quarta às 14h35, no horário local (17h35 no horário de Brasília);
outra em Alasca, nos Estados Unidos, onde o avião deve chegar às 21h30, no horário local (2h30 no horário de Brasília).
A partida do Alasca para Hiroshima está prevista para 23h desta quarta, no horário local (4h, no horário de Brasília).
A viagem ao Japão marca o retorno, após 14 anos de ausência, de um presidente do Brasil no encontro com líderes dos países mais ricos do mundo.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores, desde 2009, quando o próprio Lula esteve na cúpula realizada na Itália, o chefe de Estado brasileiro não participa de uma reunião do G7.
Lula foi convidado pelo primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida. O Japão ocupa a presidência rotativa do bloco, formado por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido. A União Europeia também está no grupo.
O Brasil participa na condição de convidado, assim como a Austrália, as Ilhas Comores, Ilhas Cook, Índia, Indonésia, República da Coreia e o Vietnã, além de representantes das Nações Unidas, Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial, Agência Internacional de Energia, União Europeia entre outras organizações.
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RICARDO STUCKERT (PR)
Temas em debate
Entre os assuntos que serão discutidos na cúpula, estão as prioridades colocadas pela presidência japonesa, como a guerra na Ucrânia, o acompanhamento da inflação nas economias do mundo e temas como:
Enfrentamento das vulnerabilidades dos países de média e baixa renda por conta da crise da dívida
Aceleração de ações voltada à mudança do clima e da transição energética
Ajuda internacional para obtenção do equilíbrio energético
Fortalecimento da arquitetura internacional no campo da saúde pública
Além destes assuntos, o Itamaraty informou que Lula abordará temas que têm defendido em reuniões internacionais, como a questão do desenvolvimento econômico, social e sustentável dos países em desenvolvimento e a necessidade de pensar em formas para alcançar a paz para superar conflitos existentes.
Reuniões bilaterais
O primeiro dia de Lula no Japão será dedicado aos encontros bilaterais com Índia, Indonésia e Japão.
Segundo o Itamaraty, outros países também pediram reuniões reservadas com Lula, mas os encontros ainda dependem de conciliação de agendas.
O governo tenta fechar as agendas para uma reunião entre Lula e o presidente da França, Emmanuel Macron.
Segurança alimentar
Um dos documentos que deve ser divulgado como resultado da cúpula diz respeito à segurança alimentar no planeta.
A guerra na Ucrânia deve ser abordada neste contexto, já que o conflito desencadeou uma crise alimentar.
O Itamaraty informou que o Brasil quer que o texto final do documento foque na insegurança alimentar e negocia uma “linguagem compatível” com a posição do país em relação ao conflito na Ucrânia.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já disse que a Ucrânia – que foi atacada e invadida pela Rússia – tem responsabilidade pelo início do conflito.
Lula também afirmou que União Europeia e Estados Unidos prolongam o conflito, o que foi interpretado por autoridades internacionais como a reprodução da visão russa sobre a guerra.
Depois da repercussão negativa, o presidente negou que tivesse igualado Rússia e Ucrânia e disse que “todos nós achamos que a Rússia errou”.
Lula há meses tenta se apresentar como um possível mediador para um acordo de paz, o que ainda não se efetivou. O assessor-especial do petista, Celso Amorim, já discutiu o tema com os presidentes Vladimir Putin (Rússia) e Volodymyr Zelensky (Ucrânia).
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Agenda no G7
O presidente Lula vai participar das três sessões de trabalho em Hiroshima, programadas para os dias 20 e 21 de maio.
No sábado (20), Lula participará do encontro intitulado “Trabalhando para enfrentar crises múltiplas, incluindo alimentação, saúde, desenvolvimento e gênero”.
No mesmo dia, estará na sessão denominada “Esforço comum em prol de um planeta sustentável e resiliente, incluindo, clima, energia e meio ambiente”.
Entre as duas sessões, será realizada uma fotografia oficial dos chefes de estado que participam da cúpula.
No domingo (21), o presidente participará da última sessão de trabalho intitulada “Na direção de um mundo próspero, estável e pacífico”.
Também está programado para o domingo uma cerimônia de depósito de flores no Memorial da Paz de Hiroshima.
Agenda internacional
Esta é a fará sua sexta viagem internacional de Lula, a segunda à Ásia, desde o início do terceiro mandato como presidente. O petista já viajou para:
Argentina e Uruguai
Estados Unidos
China e Emirados Árabes
Portugal e Espanha
Reino Unido
Lula, que já visitou os três principais parceiros comerciais do Brasil (China, EUA e Argentina), investe em discursos sobre a necessidade de fortalecer a democracia, de combater à fome e à desigualdade, de mediar a paz na Ucrânia e de encontrar um modelo de desenvolvimento para Amazônia que preserve a floresta e gere emprego e renda aos moradores da região.
O presidente tem repetido que essas viagens integram o processo de retomada das relações do Brasil com países e organismos internacionais após os quatro anos de isolamento da gestão de Jair Bolsonaro.
Neste contexto, o convite para participar da cúpula do G7 foi visto no governo como sinal de prestígio de Lula.
Também pesou o fato de que o Brasil assumirá neste ano a presidência do G20, fórum que reúne as principais economias do mundo. Temas debatidos no encontro do G7 devem ser tratados também no G20.
O Brasil em cúpulas do g7
Esta é a sétima participação de Lula em uma cúpula do G7. As demais foram nos primeiro e segundo mandatos:
2003: Cúpula de Évian-les-Bains, a convite da França;
2005: Cúpula de Gleneagles, a convite do Reino Unido;
2006: Cúpula de São Petersburgo, a convite da Rússia (então membro do G8);
2007: Cúpula de Heiligendamm, a convite da Alemanha;
2008: Cúpula de Hokkaido, a convite do Japão;
2009: Cúpula de L’Aquila, a convite da Itália;
2023: Cúpula de Hiroshima, a convite do Japão.
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