Líder da oposição venezuelana assume responsabilidade pela publicação das atas eleitorais e chama MP de terrorista


Publicação das atas da eleição presidencial em um site fez com que o candidato opositor Edmundo González fosse alvo de mandado de prisão. María Corina Machado disse que vai ‘até o final’ para mudança no poder. María Corina Machado em 20 de março de 2024
Leonardo Fernandez Viloria/Reuters
A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, afirmou que o Ministério Público do país é um braço do terrorismo e uma vergonha. Nesta quinta-feira (5), ela assumiu a responsabilidade pelas atas eleitorais publicadas em um site da oposição e afirmou que vai “até o final”.
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Edmundo González foi o candidato da oposição na eleição presidencial. O grupo garante que ele venceu o pleito com ampla vantagem com base nas atas impressas pelas urnas eletrônicas. No entanto, as autoridades eleitorais anunciaram Nicolás Maduro como presidente reeleito.
A oposição publicou cerca de 80% das atas eleitorais em um site, o que comprovaria a vitória de González. A ONU apontou que os documentos são verdadeiros. Por outro lado, o Ministério Público disse que as atas são falsas e pediu a prisão de González.
Nesta quinta-feira, María Corina Machado disse que todas as autoridades sabem que Edmundo González é o presidente eleito e exigiu que a constituição seja cumprida. Ela disse ainda que a publicação das atas eleitorais em um site é um direito dos venezuelanos.
“Assumo a responsabilidade pelas atas porque são legais, legítimas e expressam a Soberania Popular do povo venezuelano”, disse.
Corina Machado também criticou o chefe do Ministério Público, Tarek William Saab. Ela disse que o procurador-geral é um dos principais violadores dos direitos humanos.
“Esta Procuradoria é um braço de perseguição de Estado e de terrorismo na Venezuela. A nomeação e atuação do seu porta-voz não é apenas ilegítima, é uma vergonha que a história julgará”, afirmou.
González foragido
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Temendo ser preso pelo regime Maduro, González está escondido há mais de um mês e é considerado foragido. Em uma carta enviada ao Ministério Público ele afirmou que não vai se apresentar, pois considera que o processo contra ele não tem fundamento legal.
Edmundo González é investigado por crimes como usurpação de funções da autoridade eleitoral, falsificação de documentos oficiais, incitação de atividades ilegais, sabotagem de sistemas e associação criminosa.
Segundo o MP, o pedido de prisão foi apresentado após González ignorar três intimações para prestar depoimento. O órgão é aliado do presidente Nicolás Maduro e controlado por chavistas.
O procurador-geral Tarek Saab afirmou que as intimações tinham como objetivo colher o depoimento de González sobre a publicação de atas impressas das urnas eleitorais em um site.
O mandado de prisão diz que González deve ser colocado à disposição do MP imediatamente após sua detenção.
María Corina Machado na mira do MP
Os opositores Edmundo González e María Corina Machado declararam-se vencedores da eleição presidencial
Getty Images/Via BBC
Em agosto, o procurador-geral Tarek Saab acusou a opositora María Corina Machado de ser responsável por arquitetar protestos que terminaram em mais de 20 mortes no país após as eleições presidenciais.
O procurador-geral afirmou que abriu uma investigação contra Corina Machado e outras pessoas da oposição, classificados por ele como membros da “extrema direita”.
Segundo Saab, as manifestações que aconteceram após o dia 28 de julho foram ações planejadas. Milhares de pessoas foram às ruas protestar contra Nicolás Maduro, que foi proclamado reeleito para um terceiro mandato presidencial pelas autoridades eleitorais.
Para o procurador-geral da Venezuela, o país vive uma “guerra híbrida” com uma tentativa de golpe de Estado. Saab afirmou que existe uma escalada de pressões patrocinada pelos Estados Unidos desde 2017 para derrubar Maduro do poder.
“Hoje, os venezuelanos a responsabilizam [María Corina Machado] por todas essas mortes, que foram assassinados em situações que não podem ser classificadas como protestos.”
Ao ser questionado se Corina Machado poderia ser acusada por homicídio, Saab afirmou que “a qualquer momento, qualquer um deles poderá ser responsabilizado como autor intelectual de todos esses acontecimentos”.
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