Decisão foi divulgada na quarta-feira (24). Martín Guadalupe deu as declarações numa aula em Rivera, em 2023. A Justiça determinou que ele não pode se aproximar a menos de 300 metros dos denunciantes por 120 dias. Imagem da fachada da escola técnica rural Polo Educativo Tecnológico de Rivera
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A Justiça do Uruguai impôs restrições a um professor por falas racistas, xenofóbicas e discriminatórias contra negros brasileiros em sala de aula. A decisão foi divulgada na quarta-feira (24), segundo a imprensa local.
A denúncia foi feita por alunos do terceiro ano do Polo Educacional Tecnológico da cidade de Rivera. De acordo com o jornal “El Observador”, o professor disse:
“Na minha família não contratamos negros porque não são trabalhadores, muito menos os negros brasileiros de origem africana, esses são ainda mais preguiçosos. Os brasileiros que são ‘mistura’ com estrangeiros, esses, sim, são trabalhadores. O trabalhador rural deve ser explorado como o pobre, se ele não gostar, é preciso deixá-los morrer de fome”.
A denúncia foi feita originalmente em maio 2023, de acordo com uma reportagem do portal “Subrayado”. Os alunos apresentaram a denúncia ao Polo Educacional de Rivera e à autoridade de educação do país, segundo o “El Observador”.
O denunciado é Martín Guadalupe, filho do deputado Eduardo Guadalupe, do Partido Nacional —o mesmo do presidente Luis Lacalle Pou.
De acordo com o “El Observador”, a juíza do caso, Ivana Cantera, determinou provisoriamente que Martín Guadalupe mantenha distância de 300 metros dos alunos denunciantes e está proibido de se comunicar com eles por 120 dias. Ele foi acusado do crime de “incitação ao ódio, desprezo ou violência contra certas pessoas”.
Humilhados
Os alunos disseram ter se sentido “humilhados” pelas falas do professor:
“Nós como estudantes nos sentimos humilhados já que somos na maioria negros e pobres, também nossos companheiros brasileiros se sentem discriminados por tais palavras ditas pelo senhor Martín Guadalupe”, diz um trecho. Embora isso não esteja explícito, o texto dá a entender que havia alunos brasileiros na sala de aula.
Segundo uma reportagem publicada pelo jornal “La Diaria”, a defesa do professor argumentou que o conteúdo mais importante da fala em aula não era sobre cor da pele.
O deputado Eduardo Guadalupe, pai do acusado, disse que o filho está sendo perseguido.
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