Justiça britânica revela identidade de menor responsável por morte de 3 meninas em ataque para conter protestos e fake news


Premiê britânico convocou reunião de crise após mais de 100 serem presos em protestos contra a imigração ilegal, alimentados por desinformação após crianças serem atacadas enquanto participavam de um clube de férias temático de Taylor Swift em Southport. Manifestante sendo preso em Londres
REUTERS/Hollie Adams
O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, convocou chefes de polícia britânicos para uma reunião de crise nesta quinta-feira (1º) após mais de 100 pessoas serem presas em protestos que se espalharam pelo país contra o ataque a faca que matou três meninas participavam de um clube de férias temático de Taylor Swift em Southport.
Manifestantes de extrema direita, alimentados por desinformação online, realizaram vários protestos violentos, entrando em confronto com a polícia, nos últimos dias.
Como o nome do responsável pelo crime não havia sido divulgado por ele ser menor de idade, houve disseminação de informações incorretas sobre sua identidade e o ataque foi ligado à imigração ilegal.
Para conter a onda de violência e de notícias falsas, em decisão tomada em audiência nesta quinta, a Justiça suspendeu a ordem de anonimato e divulgou o nome do acusado, Axel Rudakubana, além de revelar que ele é britânico.
O juiz disse que manter o anonimato do réu oferecia o risco de “permitir que continuem a espalhar desinformação” e que ele fará 18 anos na próxima semana.
A polícia de Merseyside confirmou que o jovem de 17 anos nasceu em Cardiff, é filho de pais ruandeses e parece não ter nenhuma ligação conhecida com o islamismo.
Em entrevista à BBC nesta quinta, um ex-superintendente-chefe e comandante de armas de fogo da Polícia Metropolitana de Londres falou sobre a decisão e disse que ela é “sem precedentes”.
Protestos em vários locais
Britânicos confrontam a polícia em protesto em Londres
REUTERS/Hollie Adams
O primeiro grande protesto contra o ataque ocorreu na terça-feira (30), do lado de fora de uma mesquita em Southport. A multidão atirou tijolos e garrafas contra a polícia de choque, incendiou latas de lixo e veículos e saqueou uma loja.
“Estou absolutamente chocada e enojada com o nível de violência que foi demonstrado contra meus oficiais. Alguns dos primeiros socorristas que compareceram àquela cena horrível na segunda-feira foram confrontados com aquele nível de violência”, disse a chefe de polícia de Merseyside, Serena Kennedy à agência de notícias Associated Press.
Horas antes, uma vigília pacífica pelas vítimas do esfaqueamento foi realizada na cidade. À Reuters, uma moradora que participou do ato falou sobre a violência presenciada nos protestos:
“O que vi ontem à noite foi absolutamente assustador. Foi devastador e meio que tirou a importância do que realmente aconteceu, que é a tragédia dessas mortes”.
Nesta quarta (31), a confusão ocorreu perto do gabinete do primeiro-ministro em Londres. Centenas de manifestantes gritando “queremos nosso país de volta” atiraram latas e garrafas de cerveja e lançaram sinalizadores em uma estátua próxima do líder da guerra Winston Churchill.
No mesmo dia, na cidade de Hartlepool, no nordeste da Inglaterra, policiais foram atingidos com garrafas e ovos e uma viatura foi incendiada. Um distúrbio menor foi relatado em Manchester.
Segundo a AP, o gabinete de Starmer diz que, na reunião desta quinta, ele dirá aos líderes da polícia que, “embora o direito ao protesto pacífico deva ser protegido a todo custo, os criminosos que exploram esse direito para semear o ódio e realizar atos violentos enfrentarão toda a força da lei”.
Faixa contra o asilo de imigrantes
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Acusações contra o réu
Em audiência nesta quinta, o adolescente, vestindo um agasalho cinza, sorriu brevemente para os repórteres antes de se sentar no tribunal. Depois puxou o moletom acima do nariz, manteve a cabeça baixa durante a breve audiência e não falou.
Nem os pais do adolescente nem os familiares das vítimas estavam no tribunal.
O criminoso não foi acusado de terrorismo, mas enfrenta três acusações de assassinato pelas mortes de Alice Dasilva Aguiar, de 9 anos, Elsie Dot Stancombe, de 7, e Bebe King, de 6. Ele também vai responder por 10 acusações de tentativa de homicídio pelas oito crianças e dois adultos que ficaram feridos.
Duas das crianças feridas receberam alta nesta quinta. As outras cinco seguem internadas e estão em condições estáveis​, segundo o hospital infantil Alder Hey.

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