Dois jovens egressos do socioeducativo de Rondonópolis-MT foram contratados por um projeto de cinema para atuarem como estagiários roteiristas. Ao longo de 5 meses, eles receberam um curso, orientações e tutorias sobre a escrita para cinema, além de uma bolsa mensal de R$ 660 para o incentivo das produções escritas.
A história de drama criada no projeto narra trajetórias inspiradas em fatos reais de jovens que cometem atos infracionais, vão parar no socioeducativo e precisam refletir e tomar posicionamentos para suas vidas em meio aos conflitos cotidianos. Para isso, foi criada uma sala de roteiristas com profissionais experientes de Mato Grosso, os estagiários, além de uma psicóloga para oferecer suporte para a equipe.
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Os dois jovens foram selecionados a partir das escritas produzidas entre um grupo de 20 meninos, que estavam em reclusão, e que participaram de curso de escrita e produção de cinema na unidade do Socioeducativo em Rondonópolis, em janeiro de 2024. Ao final da experiência, como estratégia pedagógica, os dois estagiários escreveram cartas sobre as suas jornadas no projeto.
Para V.G.N.N., de 18 anos, morador de Várzea Grande, o convite para trabalhar no projeto foi uma grande surpresa. “Eu não sei escrever, não sei fazer interpretação de personagem e nunca me imaginei escrever um roteiro de um filme. Então eu dei um pouco do meu melhor (no curso). Quando falaram assim que a gente ia ser contratado pra fazer o roteiro do filme sobre o sócio eu fiquei muito feliz, até porque eu ia ter uma coisa a mais pra ocupar a cabeça naquele lugar”, destacou.
Através de uma parceria com a unidade do socioeducativo, os dois estagiários começaram os trabalhos de escrita durante o período de reclusão e, ao finalizarem o tempo estabelecido das medidas socioeducativas, deram continuidade no projeto.
“No começo foi meio difícil, ainda estava meio perdido no texto, mas foram me instruindo certinho e foi dando certo. Só tenho a agradecer por terem me dado essa oportunidade e por confiarem em mim e acreditarem que eu ia conseguir”, escreveu J.S.A, de 17 anos, morador de Sorriso-MT, em sua carta de relato de experiência.
Para o idealizador da ação, o roteirista e cineasta Cassyo Ander, o projeto promove uma ação social através de atividades culturais. “Quando pensamos em escrever uma história sobre problemas enfrentados pela nossa juventude, a gente não queria só explorar o tema para criar um produto comercial, mas também contribuir com a trajetória desses jovens oferecendo oportunidades de novas experiências e alguma fonte de renda”, enfatizou.
Com a finalização do roteiro que leva o mesmo nome do projeto, “Para o alto do céu”, o grupo disse que vai buscar financiamento para as filmagens ou vender a história para alguma produtora ou streaming. Vale destacar que os estagiários receberão participação nos lucros da comercialização ou produção da história.
O projeto de cinema no socioeducativo foi financiado pelo edital Viver Cultura da secretaria de Cultura, Esporte e Lazer (Secel) de Mato Grosso. Saiba mais em @cassyoander.