A polícia disse que os oficiais prenderam 19 pessoas suspeitas de distúrbios públicos durante os protestos. Manifestação em Israel
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Manifestantes israelenses bloquearam rodovias e se reuniram em frente à bolsa de valores de Tel Aviv e ao quartel-general militar nesta terça-feira (18), contra a reforma judicial planejada do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu (entenda mais abaixo).
Diversos protestos devem ocorrer ao longo do dia, inclusive nas estações de trem em todo o país. Manifestantes, muitos deles militares da reserva, criaram correntes humanas e bloquearam uma das entradas de Kirya, o quartel-general militar de Israel no centro de Tel Aviv.
Do lado de fora da bolsa de valores de Tel Aviv, os manifestantes lançaram bombas de fumaça, tocaram tambores e cantaram e ergueram cartazes com os dizeres “salve nossa nação iniciante” e “a ditadura matará a economia”.
Outros se manifestaram do lado de fora da sede do Histadrut, o maior sindicato trabalhista de Israel, exigindo que a organização convoque uma greve geral – uma medida que pode paralisar a economia do país. Os manifestantes escalaram andaimes do lado de fora do prédio e hastearam bandeiras de protesto.
O sindicato havia convocado uma greve em março, uma medida que contribuiu para Netanyahu congelar a revisão judicial.
Itai Bar Natan, 48, CFO de uma start-up israelense, disse que estava com raiva o suficiente para subir no andaime e agitar a bandeira onde se lia “Irmãos de armas”, um slogan usado por reservistas militares que protestavam contra a reforma judicial.
“Este governo é totalmente insano. Tememos por nossa democracia, por tudo que construímos, por isso estamos todos aqui lutando”, disse Natan.
A polícia prendeu 19 pessoas suspeitas de distúrbios públicos durante os protestos que bloqueavam as rodovias no centro de Israel.
A Associação Médica de Israel também anunciou que faria uma greve de duas horas em protesto contra a legislação na quarta-feira.
Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelense
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Mudanças no judiciário
Netanyahu lidera o governo mais ultranacionalista e conservador dos últimos 75 anos de história de Israel. Ele propôs uma série de mudanças drásticas no judiciário do país logo após assumir o cargo em dezembro.
Seu governo assumiu o poder após a quinta eleição do país em menos de quatro anos.
Os protestos em massa no começo do ano levaram Netanyahu a suspender a reforma em março, mas ele decidiu reviver o plano no mês passado, depois que as negociações com a oposição política fracassaram.
As leis propostas dariam aos legisladores maior controle sobre a nomeação de juízes e dariam ao parlamento o poder de anular as decisões do tribunal superior e aprovar leis impermeáveis à revisão judicial.
O projeto de lei que tramita no parlamento esta semana eliminaria a capacidade da Suprema Corte de derrubar decisões do governo que considera irracionais. Os juízes usaram essa “cláusula de razoabilidade” para cancelar a nomeação de um importante aliado de Netanyahu como ministro do Interior, depois de aceitar um acordo judicial por sonegação de impostos em 2021.
Ele e seus aliados dizem que as medidas são necessárias para conter uma Suprema Corte excessivamente ativista composta por juízes não eleitos. Os críticos dizem que a reforma judicial vai concentrar o poder nas mãos de Netanyahu e seus aliados e minar o sistema de freios e contrapesos do país.
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