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À medida que o mundo enfrenta a crescente urgência de combater as mudanças climáticas e reduzir a dependência de combustíveis fósseis, o hidrogênio verde (H2V) surge como uma peça-chave na transição energética global.
Nesse cenário, Mato Grosso representa um grande potencial de produção dessa fonte de energia limpa, visto que ela pode ser produzida através do uso de resíduos agroindustriais, como subprodutos da soja e do milho. Esse hidrogênio pode ser utilizado para abastecer veículos do futuro e até para a produção de combustíveis avançados a serem usados na aviação civil.
“No passado, as nações de futuro eram quem sabiam de indústria, computação, e atualmente elas são quem conseguem garantir alimento, água potável e energia limpa para o seu povo. Por isso, o hidrogênio verde é uma oportunidade de negócio. O hidrogênio em si não tem nada de novo, o novo é o uso dele como combustível capaz de levar energia de onde é gerada aonde é consumida”, explica o Rodrigo Diniz de Mello, diretor do Instituto Senai de Inovação e Energias Renováveis.
Kethlyn Moraes/Rdnews
Rodrigo de Mello, diretor do Instituto Senai de Inovação e Energias Renováveis: transição
Produzido através da eletrólise da água usando energia renovável, o hidrogênio verde oferece uma alternativa promissora e sustentável tanto para a geração de energia quanto para o setor de transporte.
Outra vantagem é que ele pode ser armazenado e, portanto, exportado, o que deixa Mato Grosso pronto para adicionar mais uma commodity à sua economia de exportação. O mercado de HV2 deve movimentar globalmente US$ 350 bilhões até 2030, de acordo com um estudo da consultoria Thymos Energia. No Brasil a estimativa de investimento na cadeia é de US$ 28 bilhões.
“O hidrogênio pode entrar de duas formas no mercado de transporte, que é responsável por 21% das emissões globais: como insumo para célula de combustível para ser utilizado em carros elétricos; e como insumos para produzir combustíveis avançados e serem transportados, como o SAF, para a aviação”, esclarece Rodrigo. Ele usa como exemplo o estado do Amapá, onde será produzido querosene de aviação (SAF) a partir de caroço de açaí, que tem em excesso na região.
Conforme detalha o diretor, o caminho da produção desse hidrogênio verde tem várias rotas tecnológicas, sendo as principais a partir da água. “A água tem duas moléculas de hidrogênio e uma de oxigênio. Nós separamos, através de uma energia, o hidrogênio de um lado e o oxigênio de outro. Essa energia pode ser a biomassa, da qual Mato Grosso é um grande produtor. Outra forma é tirar o hidrogênio diretamente da biomassa, também tendo uma molécula de hidrogênio separada que pode ser trabalhada como insumo industrial ou como fonte de veículo de energia”.
“O mundo está precisando de energia limpa e elegeu o hidrogênio como um dos principais veículos para transportar essa energia”
Rodrigo de Melo, do Senai
Energia limpa
Dessa forma, essa biomassa pode ser soja, milho, algodão, ou até mesmo subprodutos deles, como acontece na soja: do beneficiamento da soja pode ser feito o óleo e em seguida o farelo. Do farelo de soja é possível produzir o hidrogênio verde. Outro exemplo, ainda com a soja, é que com o óleo de soja produz-se o biodiesel, que tem a glicerina. O hidrogênio também pode ser produzido através da glicerina. “Existem muitas possibilidades, toda a cadeia de resíduo agroindustrial pode ser fonte de hidrogênio e isso traz uma competitividade para o Estado”, ressalta.
De acordo com o Rodrigo, o mundo está caminhando para produzir um combustível avançado mais barato e isso terá grande participação do Brasil, e especialmente de Mato Grosso justamente pela grande produção agrícola, atividades pecuárias, resíduos de abatedouros, eucalipto, serrarias, que podem ser produtos agregados.
“O mundo está precisando de energia limpa e elegeu o hidrogênio como um dos principais veículos para transportar essa energia limpa. Ele pode ser utilizado também para geração de outras atividades industriais, transporte e também para a confecção de outros combustíveis avançados a serem utilizados na aviação e transporte terrestre. Esse movimento vem surgindo de dois anos para cá e está sendo discutido na Europa, Ásia, América do Norte. Todo mundo todo vai sair junto, mas o ambiente brasileiro é o mais competitivo pois temos a agropecuária comercial mais competitiva do mundo”, finaliza.
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