Governo relança programa Mais Médicos nesta segunda e deve priorizar profissionais brasileiros


Programa foi lançado em 2013 e, naquele momento, ficou famoso pela ampla contratação de médicos cubanos. Gestão Bolsonaro lançou ‘Médicos pelo Brasil’, mas programa avançou pouco. MPF investiga execução e efetividade do Programa Mais Médicos no Acre
José Leomar/SVM
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a ministra da Saúde, Nísia Trindade, anunciam nesta segunda-feira (20) a retomada do programa Mais Médicos, criado em 2013 para ampliar o número de profissionais de saúde em áreas de baixo desenvolvimento econômico e no interior do país.
O governo, até o momento, deu poucos detalhes sobre o novo desenho do programa. No sábado (18), o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, informou que essa nova versão deve priorizar a contratação de médicos brasileiros.
“O Mais Médicos está de volta! Na próxima segunda ocorre o lançamento do programa, que além de ampliar o número de profissionais na saúde, vai trabalhar para melhorar o SUS com investimentos para construção e reformas de Unidades Básicas, ampliando o atendimento no Brasil”, publicou Pimenta em uma rede social.
O Mais Médicos nunca foi encerrado oficialmente mas, segundo o governo, deve ganhar novo impulso com as medidas a serem anunciadas – que devem incluir, ainda, mudanças no desenho do programa.
Até a manhã desta segunda, o governo ainda não havia divulgado detalhes como:
o número de contratações previstas;
o perfil dos profissionais a serem contratados (incluindo as especialidades e o tipo de formação);
o modelo de remuneração desses profissionais;
a eventual definição de áreas prioritárias para o envio dos profissionais;
o orçamento do novo programa;
a necessidade de revalidação do diploma para profissionais formados no exterior.
Em janeiro, na esteira da crise de saúde dos indígenas Yanomami, o governo federal chegou a dizer que estudava acelerar um edital do Mais Médicos para recrutar profissionais para os distritos sanitários indígenas.
O médico sanitarista e atual secretário de Atenção Primária do Ministério da Saúde, Nésio Fernandes, defendeu em entrevista ao g1 em janeiro que o Mais Médicos volte a abrir editais para estrangeiros. Eles foram interrompidos em 2019 e, segundo Fernandes, isso agravou a falta de atendimento nas regiões mais vulneráveis.
Segundo Nésio Fernandes, as vagas serão oferecidas primeiro aos profissionais brasileiros, mas os postos não preenchidos deverão ser ofertados em seguida a médicos estrangeiros.
De acordo com o secretário, cerca de 300 municípios não possuem médicos em unidades de saúde da família há mais de um ano e quase 800 não conseguem manter os médicos trabalhando.
Médicos cubanos e críticas
Ao longo dos governos Dilma Rousseff, o Mais Médicos ficou famoso por ter contratado um grande número de profissionais de saúde estrangeiros – em especial, cubanos, em razão de uma parceria com a Organização Panamericana de Saúde (Opas).
Essa contratação de médicos cubanos gerou críticas internas sobre o programa – havia acusações de que os profissionais recebiam pouco e de que, como o Mais Médicos dispensava a revalidação de diploma, o governo não tinha como garantir a qualidade dos atendimentos.
Em resposta, o governo Dilma defendia a qualidade da medicina cubana e dizia que esses profissionais só foram acionados após a constatação de que os profissionais de saúde brasileiros não demonstravam interesse de trabalhar no interior e em áreas de difícil acesso.
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O programa Mais Médicos foi, inclusive, um dos temas abordados por Lula e pelo ex-presidente Jair Bolsonaro no debate do segundo turno das eleições presidenciais de 2022 na Globo. Relembre no vídeo abaixo:
Debate na Globo: Bolsonaro e Lula debatem sobre programa Mais Médicos
‘Médicos pelo Brasil’
Ao longo de quatro anos, o então presidente Jair Bolsonaro tentou criar um programa que substituísse o Mais Médicos – associado às gestões Dilma. A substituição não emplacou, no entanto, e o Mais Médicos não chegou a ser extinto.
No fim de 2019, Bolsonaro sancionou a lei de criação do programa “Médicos Pelo Brasil”. A ideia, assim como o programa que já existia, era reforçar o atendimento médico em municípios pequenos e/ou de difícil acesso e reforçar a formação em medicina da família e comunidade.
O governo chegou a prometer 18 mil vagas e salários de até R$ 31 mil para os contratados. O primeiro edital, no entanto, só foi anunciado em 2021 – dois anos depois, e após o ápice da pandemia de Covid.
A primeira contratação aconteceu já em abril de 2022, quando o governo Bolsonaro informou intenção de convocar 4,6 mil profissionais até o fim do ano. O governo não chegou a divulgar um balanço final dessas contratações.
Quantidade de médicos por região
Arte/g1

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