Gelatina Estelar? O mistério da substância pegajosa que cai do céu

No século XIV, John Gaddesdec relatou uma substância pegajosa, teoricamente caída dos céus, que poderia ter fins medicinais. Essa gelatina estelar foi observada em outras partes da Europa, e com menos frequência, em outras partes do mundo. Mas será que ela realmente cai do céu? 

Esse fenômeno terrestre, com ares extraterrestres, geralmente pode ser observado pela manhã. Quem já teve contato com a estranha substância relata mau cheiro, uma textura gelatinosa e pegajosa e que se desfaz com o nascer do Sol.

O mistério galáctico e presente dos céus para os furúnculos terrestres tem uma explicação muito mais sombria do que uma simples queda espacial. Saiba mais sobre a “gelatina estelar” e suas possíveis origens.

Bem pegajosa, mau cheirosa e misteriosa.
Bem pegajosa, mau cheirosa e misteriosa.

Nem tudo que cai do céu vem do espaço

É verdade que o cosmos nos bombardeia constantemente com objetos indesejados. Ao que se sabe, somos anualmente atingidos por mais de 15 mil meteoritos, oriundos da nossa vizinhança galáctica.

Mas os escudos terrestres são bastante eficazes em nos defender, causando a desintegração dessas rochas quando elas entram em contato com a nossa atmosfera. É verdade que, vez ou outra alguns sobrevivam à queda, mas se nossa atmosfera é capaz de interagir com rochas queimando-as até as cinzas, o que será que não aconteceria com uma gelatina estelar?

Líquidos de qualquer espécie e graus de viscosidade não sobreviveriam a entradas tão bruscas em nossa atmosfera, tornando-se vapor antes mesmo de tocar o solo. Assim, não seria possível, ao menos pelo que se sabe atualmente, que essa gosma tenha uma origem espacial.

Em dias de céu noturno claro, pode ser possível que você veja um deles entrando em combustão.
Em dias de céu noturno claro, deve ser possível que você veja um deles entrando em combustão.

Vômito, fungo ou o quê?

A origem da gelatina estelar não é bem esclarecida, pois existem diversas fontes terrestres que podem gerar produtos gelatinosos similares. Algumas dessas fontes podem realmente abandonar seus presentes gosmentos dos céus, como, por exemplo, os pássaros e seu vômito. 

Sim, não é nada agradável, mas essa teoria responde às vezes em que pessoas relataram observar a queda da gelatina estelar. Na dúvida, não toque. Entretanto, ela também pode ser originária de um fungo. O Myxarium nucleatum é um tipo de fungo que se reproduz em madeira podre e tem seu ápice de desenvolvimento durante a noite.

Por se desenvolver em madeira podre, naturalmente seu cheiro não é muito agradável.
Por se desenvolver em madeira podre, naturalmente seu cheiro não é muito agradável.

A preferência pela vida noturna, além de nascer em madeira apodrecida, poderia explicar o motivo pelo qual ao amanhecer eles desaparecem e exalam mau cheiro. Esse tipo de fungo recebeu o nome de “cérebro de cristal” devido a sua forma pustulosa, com um líquido viscoso dentro das pequenas cápsulas.

Ele foi descrito e observado pela primeira vez na Inglaterra, no entanto, existem espécies similares nas Américas e Nova Zelândia, além de outros lugares na Europa. Mas existe outra explicação. 

 O último coaxar da rã

Em algumas ocasiões, pesquisadores relataram encontrar pequenos ossos dentro das gelatinas estelares. Pensando no vômito dos pássaros, seria completamente plausível pensar que se tratava de mais regurgitações, mas não era. 

Se você já teve contato com brejos e banhados já pode ter observado uma gelatina com pequeno pontinhos pretos agarrados às folhas. Essas gosmas são ovos de anfíbios, sapos e rãs. Porém, ao invés de serem simples depósitos de ovos em meio a gramados, alguns pesquisadores descobriram que fêmeas de rã, durante o período fértil, podem ter se tornado uma gelatina estelar.

Quem diria que uma rã poderia ser confundida com uma gelatina vinda do espaço?
Quem diria que uma rã poderia ser confundida com uma gelatina vinda do espaço?

Segundo a descrição dos pesquisadores, acidentes contusos ou rãs mastigadas acidentalmente por animais de pasto, como vacas, podem gerar uma ruptura dos ovários, expondo o seu conteúdo ao ambiente. Quando em contato com a água, esse material aumenta de tamanho, formando o aglomerado gelatinoso.

Então se você estiver em um pasto e observar uma gelatina no meio do gramado, ofereça suas condolências. Aquele montinho gelatinoso pode ter sido uma rã.

Mais alguma surpresa?

Como dito inicialmente, são diversos os fatores que podem desencadear o aparecimento de gelatinas estelares. Assim, não se sabe ao certo quais outros fatores podem estar envolvidos nesse fenômeno, no mínimo, peculiar.

No entanto, se pode afirmar que líquidos, viscosos ou não, não sobreviveriam à entrada na Terra, atravessando diretamente pela nossa atmosfera, sem estarem armazenados de forma segura. Na dúvida, se você encontrar qualquer material viscoso no chão, no rio ou no gramado, não toque, a origem pode não ser muito agradável.  

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