O prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), demonstrou surpresa com as investigações da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), da Polícia Civil, que constataram o uso do miniestádio conhecido como “Arena Floripa” para a difusão do poderio do Comando Vermelho e promoção de Paulo Winter Farias Paelo, apontado como um dos líderes da organização criminosa. As descobertas foram feitas no âmbito da Operação Apito Final.
Durante entrevista ao Programa Expresso, da Rádio Bom Jesus, Emanuel pontuou que já tentou repassar a administração dos espaços a empresas, por meio de parcerias, mas sem sucesso. Sendo assim, são as comunidades que “gerenciam”, porém, nada teria sido levado ao Município quanto ao uso dos espaços por facções criminosas.
“Eu nunca soube disso. Jamais chegou ao nosso conhecimento. Cuiabá tem 34 miniestádios, todos são administrados pela comunidade, através das associações de moradores. Então, quando não há uma parceria com determinado time de futebol amador daquele bairro ou região, os presidentes de bairro que fazem a gestão. O miniestádio é de livre uso da população. Agora, o que está acontecendo no Jardim Florianópolis, eu fui tão surpreendido quanto a Polícia Civil e toda a população”, argumentou ele.
Rodinei Crescêncio/RDNews
No local, é possível ver sinais, símbolos e marcadores do espaço onde constam o nome do time de futebol amador “Amigos W.T.”, em referência a Paulo Winter, time que, segundo a GCCO, é usado como fachada pela organização criminosa para lavagem de dinheiro do CV.
Diante da situação revelada pelas investigações, a 11ª Promotoria de Defesa do Patrimônio Público e da Probidade Administrativa da Capital e a Coordenadoria do Núcleo de Ações de Competências Originárias Criminal (Naco) emitiram uma notificação recomendatória para a Prefeitura de Cuiabá e a Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer.
De prontidão, Emanuel alega que vai acatar a orientação para o impedimento de uso do espaço. “O Ministério Público já nos notificou para tomar as providências e evitar a utilização desse pessoal da facção da área do miniestádio, até que se esclareça tudo”, disse.
As investigações apuraram que, além do uso do espaço público no Jardim Florianópolis, a organização criminosa começou a construir um centro esportivo no Jardim Umuarama, também na Capital, um dos empreendimentos do líder criminoso que teriam o investigado Andrew Nickolas Marques dos Santos como “testa de ferro”. O espaço ocuparia 10 lotes residenciais com a construção de dois campos de futebol, academia, lojas e lanchonetes.