Fala de Lula sobre Holocausto divide governo e gerou reação desproporcional de Netanyahu, avaliam assessores

A fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comparando o conflito na Faixa de Gaza à ação de Adolf Hitler contra os judeus, na Alemanha nazista, dividiu o governo.
Uma ala, ligada diretamente a Lula no Palácio do Planalto, discorda que o presidente tenha cometido um erro nas suas declarações. E, com isso, também discorda da reação do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
Outra ala, formada principalmente por diplomatas, reconhece que o presidente cometeu um grande equívoco na declaração. Ainda assim, condena a reação de Netanyahu no episódio.
O líder israelense está aproveitando as declarações de Lula para sair da defensiva no plano internacional. Netanyahu tem sido criticado pelos Estados Unidos, seu aliado de sempre, e pela Europa em razão da ofensiva desproporcional contra o Hamas, vitimando os palestinos na Faixa de Gaza, principalmente mulheres e crianças.
No plano internacional, as críticas de Lula a Israel têm ressonância, porque os chefes de governo avaliam que já passou da hora de Netanyahu pôr um fim ao conflito.
O problema, neste caso, foi Lula ter estabelecido um paralelo controverso entre o conflito na Faixa de Gaza e o Holocausto – genocídio cometido por Hitler contra os judeus.
No final da semana, Lula classificou como “genocídio” e “chacina” a resposta de Israel na Faixa de Gaza aos ataques terroristas promovidos pelo Hamas no início de outubro. Ele comparou a ação israelense ao extermínio de milhões de judeus pelos nazistas chefiados por Adolf Hitler no século passado (veja vídeo abaixo).
“O que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu: quando o Hitler resolveu matar os judeus”, disse Lula.
Lula compara guerra em Gaza com ações de Hitler
Ao dizer isso, segundo assessores do governo, Lula deu munição para Israel.
Entre assessores mais próximos de Lula, a avaliação é que não há necessidade fazer “correções” na fala do chefe.
Segundo eles, a Corte Internacional de Justiça já determinou que “há indícios de genocídio nas ações de Israel contra a população palestina em Gaza e ordenou que fosse posto fim à matança”.
Governo israelense declara Lula persona non grata após comparação
‘Escorregão’ e reação desproporcional
Entre diplomatas, a avaliação é que Lula cometeu um escorregão. O presidente havia sido aconselhado a evitar polêmicas maiores com Israel.
Só que a reação de Israel está sendo classificada de exagerada e um “show” – iniciado ao convocar o embaixador brasileiro em Israel, Frederico Meyer, para reunião no Museu do Holocausto, e agravado ao declarar Lula “persona non grata”.
Agora, qualquer reação do governo brasileiro vai demandar muita cautela, porque os ânimos ficaram acirrados dos dois lados.

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