Avaliação é de representantes das relações exteriores do governo brasileiro. Há um mês, Venezuela realizou o pleito contestado, e até agora Brasil e Colômbia não reconhecem nem negam o resultado. A extensão das fronteiras de Brasil e Colômbia com a Venezuela é um dos fatores levados em conta pelos governos dos dois países em relação à postura sobre a eleição contestada de Nicolás Maduro.
A avaliação é de representantes das relações exteriores do governo brasileiro.
Há exatamente um mês, a Venezuela realizou eleições presidenciais. O vencedor, de acordo com o órgão eleitoral oficial e com a Suprema Corte venezuelana foi o atual presidente, Maduro, no poder desde 2013.
Os órgãos oficiais são controlados, na prática, pelo governo, e não conseguiram desfazer os indícios de fraude.
Maduro é o sucessor político do ex-presidente Hugo Chávez. A permanência dele no poder, segundo a oposição na Venezuela e órgãos de transparência internacionais tem se prolongado por meio de eleições fraudadas.
No caso do pleito do último mês, não foram apresentadas as atas eleitorais (espécie de boletins de urnas). Vários países não reconheceram a vitória de Maduro.
Brasil e Colômbia, por sua vez, vêm adotando a medida de exigir a apresentação das atas eleitorais antes de se posicionar sobre reconhecer ou não o resultado.
Fronteiras
O Brasil tem 2.199 quilômetros de fronteira terrestre com a Venezuela. A Colômbia tem 2.219.
Os dois países têm recebido as maiores entradas de imigrantes venezuelanos nos últimos anos, que saem do país para escapara da forte crise econômica e social.
A diplomacia brasileira entende que o momento é delicado no cenário político venezuelano e que a situação pede um cuidado com a paz social. O Brasil entende que os efeitos de um maior tumulto na sociedade venezuelana pode ter efeitos para a sociedade brasileira também.
Essa, segundo representantes das relações exteriores, é também a preocupação da Colômbia.
No domingo, os dois países divulgaram um comunicado conjunto, em que mantiveram a postura das últimas semanas: “Ambos os presidentes [do Brasil e da Colômbia] permanecem convencidos de que a credibilidade do processo eleitoral somente poderá ser restabelecida mediante a publicação transparente dos dados desagregados por seção eleitoral e verificáveis”.
Inicialmente, eram três países da América Latina que conversavam entre si e buscavam encontrar uma solução para o impasse da Venezuela: Brasil, Colômbia e México.
O México, no entanto, deixou as conversas, que agora estão concentradas em Brasil e Colômbia.
Lula já foi próximo de Maduro. Nos últimos meses, a relação esfriou, justamente em razão das ressalvas do Brasil ao modo como vinha sendo conduzido o processo eleitoral no país vizinho.
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, também é de ideologia de esquerda, como Maduro e Lula — apesar das nuances que diferenciam os três.
O desafio de Lula vem sendo manter algum tipo de interlocução para influencia na crise venezuelana e, por outro lado, não deixar de se posicionar firmemente em favor da democracia.
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