Natacha é uma das mulheres que afirmam ter sido vítimas de Mohamed Al Fayed. Ela contou que, após um dos episódios em que foi coagida, foi ameaçada pelo bilionário. Natacha, uma das mulheres que acusam Mohamed Al Fayed de abuso sexual
Ben STANSALL / AFP
Nesta sexta-feira (20), em uma coletiva de imprensa, uma das mulheres que acusam Mohamed Al Fayed, ex-sogro de Lady Di, de abuso sexual falou à imprensa.
Natacha, que trabalhou na Harrods sob o comando do bilionário, que foi dono da loja de departamentos de luxo entre 1985 e 2010, relembrou alguns dos episódios que sofreu com o ex-patrão, o chamou de “predador” e afirmou:
“É bom mudar o legado de um homem que realmente era um monstro. Mohamed Al Fayed, um predador doentio, me atraiu usando o mesmo modus operandi que usou repetidamente”.
A vítima contou que conseguiu o emprego aos 19 anos ao ser entrevistada pessoalmente por Al Fayed e que, após algumas perguntas, o empresário lhe contratou imediatamente e lhe ofereceu dinheiro para presentes e novas roupas de trabalho.
“Eu tinha apenas 19 anos. Jovem, ingênua, inocente. Mohamed era inteligente e manipulador. Sem que eu soubesse, tinha entrado na cova dos leões”, lamentou, acrescentando que desencorajada de fazer amigos e que foi submetida a exames médicos “desnecessários e intrusivos”.
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Natacha ainda relatou que trabalhadores eram enviados para Fayed e que reuniões privadas muitas vezes “se transformavam em algo mais”. Nos encontros, relembrou, ela era submetida a um “beijo forçado” ou era “puxada para o colo dele, onde suas mãos ficavam livres para explorar qualquer parte do corpo que ele desejasse”.
Uma noite, segundo Natacha, ela foi chamada para uma reunião no apartamento particular do ex-chefe e, ao chegar ao local, a porta foi trancada e ela recebeu champanhe. Só conseguiu se livrar depois de dar um chute nele e correr pra ir embora.
“Eu vi a porta do quarto dele parcialmente aberta, havia brinquedos sexuais à mostra. Fiquei petrificada. Me sentei bem na ponta do sofá e Mohamed Al Fayed, meu chefe, a pessoa para quem eu trabalhava, se jogou sobre mim. Eu corri para a porta e disse que tinha que encontrar meu pai para jantar e que ele ficaria preocupado com meu atraso. Ele riu de mim, então se recompôs e me disse que eu nunca deveria contar uma palavra a ninguém e que, se eu fizesse isso, nunca mais trabalharia em Londres e ele sabia onde minha família morava. Eu fiquei apavorada”.
Natacha sendo consolada por Gloria Allred, advogada americana famosa por defender direito das mulheres
Yui Mok/PA via AP
Além de Natacha, mais de 20 mulheres dizem ter sido abusadas sexualmente por Al Fayed; cinco delas o acusam de estupro. A revelação ocorreu nesta quinta (19), após o caso ser exposto em um documentário da BBC.
Os advogados que representam as vítimas contaram na coletiva de imprensa que um processo civil está sendo movido contra a Harrods, onde trabalhavam a maior parte das mulheres que denunciam o bilionário – outras delas eram funcionárias do Ritz, que ele possui desde 1979 – e que os casos serão tratados individualmente.
Segundo eles, para serem contratadas como secretárias ou assistentes pessoais, elas eram submetidas a um exame sexual completo com a justificativa de que Al Fayed queria “verificar se você está limpa”.
“Esse era um tráfico sistemático de mulheres para gratificação sexual, cujo sistema começou com o processo de seleção de mulheres de idade similar. Uma vez que a seleção fosse feita, um exame médico invasivo era realizado para avaliar sua ‘adequação’. Elas eram, então, colocadas em posição vulnerável e chamadas ao gabinete do presidente, onde atos desprezíveis aconteceriam. Diremos claramente: Mohamed Al Fayed era um monstro. Mas ele era um monstro habilitado por um sistema”, explicou Dean Armstrong KC.
Questionada sobre os processos que irá responder, os atuais proprietários da loja de departamentos de luxo disseram estar “horrorizados” com as alegações, que a Harrods “é uma organização muito diferente daquela de propriedade e controlada por Al Fayed” e que querem “resolver as reivindicações da maneira mais rápida possível, evitando longos processos legais para as mulheres envolvidas”.
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