Ex-chefe de gabinete chora e diz que implorou para permanecer no cargo | …

Em depoimento na Comissão de Ética e Decoro Parlamentar, na Câmara Municipal de Cuiabá, nesta quinta-feira (22), a ex-chefe de gabinete da vereadora Edna Sampaio (PT), Laura Natasha Oliveira Abreu, chegou a chorar e relatou ter implorado para não ser demitida do cargo, em vista da sua condição financeira e por estar gestante. No entanto, a situação não teria comovido a vereadora que, segundo Laura, a exonerou por não estar satisfeita com a indisponibilidade da ex-servidora, afirmando que a situação financeira da servidora não seria um problema dela.

“Eu falei para ela: ‘Edna, como vou sustentar dois filhos com R$ 1,5 mil da Prefeitura? Como vou fazer para fazer o enxoval?’. E ela disse que eu sabia que era [um cargo] temporário, que eu sabia que era momentâneo e que minha situação financeira não era um problema que ela tinha que resolver”, disse.

Acolhida pelas vereadoras Maysa Leão (Republicanos) e Michelly Alencar (União), que estavam presentes na oitiva, Laura se emocionou e chorou ao relatar o momento difícil que viveu nos primeiros meses de uma gravidez não planejada e com inúmeros episódios de enjoos e mal-estar e que, por isso, não conseguia se dedicar 100% à função para a qual foi contratada.

Ela afirmou que chegou a pedir desculpas para a vereadora e acabou sendo surpreendida com a informação de que seria exonerada. 

“Ela disse que não teria condições de ficar comigo, porque ela é mãe de três filhos e sabe como é estar grávida, e que a minha condição iria custar para o mandato dela, porque ela tem dois anos de mandato e precisava de alguém que pudesse se dedicar integralmente, se doar 100%, e na condição que eu estava não era possível”, recordou.

Laura, que é funcionária efetiva da Secretaria Municipal de Educação e estava cedida ao Parlamento Municipal, afirmou que Edna disse que o máximo que poderia fazer para ela continuar na Câmara seria tentar que ela trabalhasse de casa, com um celular. No entanto, ela não aceitou e preferiu receber os valores referente aos direitos trabalhistas.

A ex-servidora conta que o valor da indenização foi de R$ 70 mil e que ela o utilizou para construir um quarto para o bebê. Laura conta ainda que, durante o período da reforma, ficou hospedada na casa da mãe, desmentindo a afirmação de Edna na época de que ela teria saído de casa porque estava sendo “perseguida” pela imprensa após a divulgação dos prints e comprovantes que indicavam a suposta ilegalidade no gabinete.

Ao todo, o depoimento de Laura Natasha durou pouco mais de uma hora. Ela deixou o local amparada pela sua advogada.

Transferência de VI

A ex-chefe de Gabinete ficou quatro meses efetivada no cargo – de setembro a dezembro do ano passado – e, durante esse período, transferiu a quantia total de R$ 20 mil para uma conta em nome da vereadora. Os valores eram cobrados mensalmente pelo marido da vereadora, Willian Sampaio. O caso veio à tona em reportagem exclusiva publicada pelo .

Edna foi acionada na Comissão de Ética por suposta quebra de decoro parlamentar. Este é o primeiro depoimento que pode resultar na cassação da vereadora. Outras quatro pessoas ainda serão ouvidas, inclusive a própria Edna Sampaio.

Participam da oitiva os vereadores Kero Kero (PSL), membro titular da Comissão, relator do caso, vereador Kassio Coelho (Patriota), Michelly Alencar (União), Demilson Nogueira (PP), Maysa Leão (Republicanos), Dilemário Alencar (Podemos) e Sargento Joelson (PSB).